Bitcoin: grandes aplicadores estão comprometendo frações mínimas do patrimônio nas moedas virtuais (Edgar Su/Reuters)
Reuters
Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 11h58.
São Paulo - A corretora de moedas virtuais Foxbit está montando uma mesa para lidar com grandes volumes, diante do crescente interesse de grandes investidores no Brasil por bitcoin e outras criptomoedas, disse um executivo da companhia à Reuters.
"Investidores de grande porte, inclusive bancos, estão olhando para bitcoin como alternativa para diversificação de portfólio", disse João Canhada, presidente e fundador da Foxbit.
Guilherme Rebane, ex-trader de ações do BTG Pactual, foi contratado para tocar o negócio.
Segundo Canhada, o movimento da Foxbit reflete a crescente procura internacional por ativos não vulneráveis aos riscos das instituições financeiras, que administram a maior parte dos recursos em fundos de investimentos.
Diferente do frenesi que tomou conta de investidores de varejo, que se multiplicaram velozmente no encalço da forte valorização do bitcoin no ano passado, os grandes aplicadores estão comprometendo frações mínimas do patrimônio nas moedas virtuais, ativo que não tem regulação no Brasil e que a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recentemente proibiu fundos de investimentos de terem em suas carteiras.
"É uma ação calculada, na maioria das vezes é para alocar um a dois por cento do patrimônio", diz Canhada. "Eles perceberam que a moeda virtual já ganhou vida própria e estão preferindo não esperar uma regulação antes de comprar."
Criada em 2014, a Foxbit se apresenta como a segunda maior do ramo no Brasil, com cerca de 400 mil clientes, só atrás da Mercado Bitcoin. A empresa, que até um ano atrás tinha 10 funcionários, hoje tem 70 e deve fechar 2018 com 300, disse ele.
Canhada estima que o público total de investidores em bitcoin no Brasil seja de cerca de 1 milhão de pessoas. Isso representa mais do que todos os investidores de varejo no país que operam na bolsa, que somavam 620 mil pessoas no fim de 2017, segundo dados da B3.
Essa evolução aconteceu em pouco mais de um ano, na esteira da valorização de mais de 1.300 por cento do bitcoin no ano passado, a despeito das múltiplas advertências de reguladores, como a própria CVM, dos riscos de investir em ativos voláteis e não regulados.
O próprio presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, chegou a classificar no mês passado o crescimento de moedas virtuais como "bolha" ou "pirâmide".
Nas últimas semanas, após vários países imporem restrições para aplicação ou simplesmente banirem a moeda, o valor do bitcoin chegou a cair cerca de 40 por cento.
Com isso, o volume médio de negócios com bitcoin por brasileiros, que chegou a dar picos diários de 300 milhões de reais por dia, hoje está em cerca de 50 milhões diários.
"O bitcoin foi criado para ser meio de pagamento, mas quase todo mundo que compra o faz com fins de investimento, o que não é o melhor dos mundos, porque atrai muita gente que não deveria."
Mas segundo Canhada, o crescente interesse de investidores institucionais pelo ativo deve limitar a queda da cotação do bitcoin, e a volatilidade deve diminuir à medida que autoridades em vários países se movimentam para criar regulação para as criptomoedas.
Além do bitcoin, a Foxbit deve começar a transacionar neste ano outras moedas virtuais como ether, litecoin e dash.