O fortalecimento do dólar e expectativas crescentes de que a inflação será administrável contribuem para o cenário negativo (AFP/AFP)
Bloomberg
Publicado em 9 de agosto de 2021 às 14h08.
Última atualização em 9 de agosto de 2021 às 17h29.
A rápida queda do ouro para a cotação mais baixa desde março destacou uma dura realidade para o metal precioso: há uma lista crescente de razões para o pessimismo.
Embora o chamado flash crash da segunda-feira tenha sido exagerado por uma combinação de fatores técnicos e baixa liquidez, o gatilho inicial permanece verdadeiro - os fortes dados do mercado de trabalho dos EUA mostraram que a recuperação da maior economia do mundo está avançada. Isso prepara o terreno para a redução gradual do estímulo pelo Federal Reserve, possivelmente eliminando um dos principais fatores que ajudaram a impulsionar o ouro para um recorde no ano passado.
O fortalecimento do dólar e expectativas crescentes de que a inflação será administrável contribuem para o cenário negativo. Fundos de índice também reduziram significativamente suas posições neste ano.
Investidores agora focam nos dados de inflação dos EUA que saem nesta semana, e depois nos sinais das autoridades do Fed durante a conferência de Jackson Hole no final deste mês. O momento do corte do estímulo nos EUA é decisivo, e um tom mais inclinado ao aperto monetário do presidente do Fed, Jerome Powell, pode significar o início de um mercado definitivamente baixista para o ouro.
A queda do ouro depois que os dados do emprego nos EUA superaram as expectativas na sexta-feira foi desencadeada por um forte aumento dos rendimentos dos Treasuries ajustados pela inflação, que determinam o custo de manter o metal precioso, que não paga juros.
Mas quando os yields entraram mais em território negativo no mês passado, os preços do ouro não se beneficiaram.
Isso destaca o pessimismo em relação ao metal em meio ao desempenho relativamente fraco este ano. O ouro é um ativo que prospera no momentum e pode se tornar vulnerável se o preço não subir por muito tempo. Aumentos adicionais dos juros reais impulsionados por fortes dados econômicos podem levar a baixas mais fortes.