Petrobras: a agência retirou os ratings da companhia de observação para possível rebaixamento (Vanderlei Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2015 às 13h21.
São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch manteve o rating de probabilidade de inadimplência do emissor (IDR, na sigla em inglês) em moedas local e estrangeira da Petrobras em BBB- e o rating em escala nacional em AAA (bra).
A agência retirou os ratings da companhia de observação para possível rebaixamento, mas informou que a perspectiva para as notas de crédito da estatal é negativa.
A decisão de se manter inalterados os ratings da Petrobras foi tomada depois que a companhia publicou, na noite de quarta-feira, 22, seu balanço de 2014 auditado - o que, segundo a Fitch, evitou um processo de antecipação de pagamento de dívidas.
De acordo com a agência, a divulgação dos resultados financeiros auditados mitigou as incertezas em relação à capacidade da Petrobras de fazer os ajustes necessários para cumprir com esse compromisso.
Além disso, acrescenta a Fitch, a companhia melhorou sua liquidez ao anunciar US$ 13 bilhões em novos financiamentos.
Na avaliação da Fitch, o acesso ao crédito, a redução nos investimentos e os planos de venda de ativos minimizam as preocupações de liquidez no curto prazo.
Entretanto, a perspectiva negativa evidencia que as incertezas em relação à capacidade da empresa de desalavancar seu balanço de pagamentos no médio prazo permanecem.
Os escândalos de corrupção, de acordo com a Fitch, podem resultar em atrasos nos negócios. A agência ressalta que continuará monitorando a estratégia da Petrobras para fortalecer sua estrutura de capital.
Para a agência, a nota da Petrobras continua a refletir sua estreita ligação com o rating do Brasil, devido ao controle governamental da companhia e sua importância estratégica no quase monopólio do mercado de combustíveis líquidos domésticos.
"A ligação é evidenciada pelos recentes empréstimos oferecidos pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, bem como a decisão de manter os preços da gasolina e do diesel nas bombas acima dos níveis internacionais, a fim de reforçar a geração de caixa da Petrobras", diz o comunicado, que acrescenta que a posição de caixa da companhia é suficiente para atender necessidades de financiamento no curto prazo.
Além disso, a Fitch avalia que a produção da petroleira continuará a crescer no médio prazo e que os preços domésticos devem convergir com os preços internacionais no médio/longo prazo.
Revisões
A Fitch ainda alerta que uma eventual ação de rating negativa para a Petrobras pode ocorrer caso a companhia não reduza a sua relação dívida/Ebitda a menos de 5 vezes no médio prazo e se houver uma diminuição na percepção do apoio do governo.
A agência avalia ainda que uma ação de rating positiva para a estatal é improvável no curto e médio prazo. No entanto, pondera o relatório, o apoio explícito direto do governo poderia ajudar a estabilizar as notas da companhia.