São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch colocou todas as empreiteiras brasileiras em observação negativa.
A medida reflete as preocupações da agência sobre o impacto financeiro e nos negócios diante de alegações de corrupção nos contratos entre a Petrobras e múltiplas empresas do setor.
A agência também rebaixou o rating da Mendes Júnior Trading e Engenharia em moeda doméstica e estrangeira para B-, de B. Na escala nacional, o rating passou de BBB para BB.
De acordo com a Fitch, a Mendes Júnior é "a empresa mais vulnerável no setor, na percepção do mercado, devido a sua fraca posição de liquidez".
Em 30 de junho, o saldo de caixa da companhia era de R$ 50 milhões e tinha R$ 189 milhões em dívida de curto prazo. A empresa permanece em observação negativa.
As principais áreas de preocupação incluem o impacto financeiro nas empreiteiras em um ambiente operacional mais desafiador devido à alta concentração de contratos com o governo e potenciais suspensões, atrasos ou baixas contábeis devido a contratos com a Petrobras.
Também foram destacadas pela Fitch prováveis penalidades financeiras e uma redução do acesso a fundos de bancos privados, mercados de capitais, e entidades como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A decisão da Fitch inclui as empresas Camargo Correa, CCSA Finance Limited, Construtora Andrade Gutierrez, Andrade Gutierrez International, Construtora Norberto Odebrecht, Odebrecht Finance Limited, OAS, Construtora OAS, OAS Investments GmbH, Construtora Queiroz Galvão e Galvão Engenharia.
Segundo a agência, o setor também pode ser afetado por uma lentidão no ritmo de acordos de concessões, uma vez que as construtoras muitas vezes atuam como investidores, operadores e ou prestadores de serviços.
Uma inabilidade de certas companhias em participar de futuros projetos com o governo também preocupa a Fitch.
O grau de impacto do ambiente operacional cada vez mais negativo varia de acordo com cada empresa.
A agência afirmou que "espera mais clareza sobre estas questões dentro de seis meses e as classificações individuais serão ajustados em conformidade (com o cenário)".
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1. Lava Jato
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1/10 (Divulgação/ Polícia Federal)
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2. Odebrecht
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2/10 (Paulo Fridman/Bloomberg)
A empresa divulgou nota em que afirma que a Polícia Federal esteve em seu escritório no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos, expedido no âmbito das investigações sobre supostos crimes cometidos por ex-diretor da Petrobras. “A equipe foi recebida na empresa e obteve todo o auxílio para acessar qualquer documento ou informação buscada”, diz a nota da empresa. A Odebrecht afirma ainda que “está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”.
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3. UTC Engenharia
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3/10 (Divulgação)
A empresa afirmou que “colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias”.
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4. OAS
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4/10 (Divulgação/PAC)
A OAS afirmou que “foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em visita à sua sede em São Paulo”. A empresa diz ainda que “está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações”.
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5. Engevix
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5/10 (Divulgação/ Engevix)
Contatada por EXAME.com, a empresa afirmou apenas que “por meio dos seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados”.
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6. Galvão Engenharia
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6/10 (Divulgação/ Galvão Engenharia)
Em nota, a Galvão Engenharia afirmou que "tem colaborado com todas as investigações referentes à Operação Lava Jato e está permanentemente à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
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7. Queiroz Galvão
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7/10 (Divulgação)
A empresa se manifestou através de nota: "A Queiroz Galvão reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários."
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8. Camargo Corrêa
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8/10 (Divulgação)
Em nota, a Camargo Corrêa disse que sempre esteve à disposição das autoridades. Veja a nota: “A Construtora Camargo Corrêa repudia as ações coercitivas, pois a empresa e seus executivos desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimentos dos fatos.”
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9. Mendes Junior
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9/10 (Divulgação)
"O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, estava em viagem com a família na manhã desta sexta-feira (14/11). Assim que soube do mandado de prisão, tomou providências para se apresentar ainda hoje à Polícia Federal em Curitiba (PR). A Mendes Júnior está colaborando com as investigações, contribuindo para o acesso às informações solicitadas."
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10. Iesa
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10/10 (Divulgação IESA)
EXAME.com não conseguiu contato com nenhum porta-voz da empresa até a publicação da reportagem.