Segundo as perspectivas da agência, em 2014 a França terá um coeficiente de dívida em consonância com os níveis de dívida previstos para países 'AAA' (Miguel Medina/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2011 às 11h07.
Paris - A agência de classificação de risco Fitch considerou nesta quarta-feira que a nota 'AAA' da França está justificada atualmente, mas que pode estar 'em perigo' se a crise da zona do euro avançar e afetar o comportamento econômico do país.
Em um relatório publicado nesta quarta, a Fitch menciona especialmente o risco imposto pela ameaça de intensificação da crise da zona do euro, sobretudo em relação ao 'apoio financeiro ao setor bancário'.
Em um relatório especial sobre a França, a agência estima que a recente aprovação de novas medidas fiscais por parte do governo da França 'aumentou a credibilidade do programa de consolidação' do Executivo francês.
'No entanto, é provável que sejam necessárias medidas suplementares caso o país pretenda alcançar a meta de déficit de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, enquanto a Fitch prevê que estará em torno dos 4% naquele ano', acrescentou a agência.
Segundo as perspectivas da agência, em 2014 a França terá um coeficiente de dívida em relação ao PIB de 91,7%, o que está em consonância com os níveis de dívida previstos para outros países com qualificação 'AAA' e reforça a manutenção desta categoria creditícia para a França.
A economia francesa tem um 'elevado valor agregado', é diversificada e seu déficit estrutural é menor do que o do Reino Unido e dos Estados Unidos, dois países com qualificação 'AAA', avalia a Fitch.
'A principal preocupação com relação à França é que a intensificação da crise da zona do euro gere obrigações contingentes que pesem sobre o balanço geral soberano', estima a agência.
O relatório aponta que se a França estivesse na situação de ter que utilizar o total de seus compromissos com o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, que chega a 158,5 bilhões de euros, a dívida pública bruta do país excederia 95% de seu PIB, o que faria com que se colocasse 'à beira' do que a Fitch considera compatível com a manutenção de sua qualificação como 'AAA'.
Nesse contexto, a França não contaria com muita margem para assumir uma deterioração da situação, como por exemplo a injeção de capital nos bancos franceses, a não ser que as autoridades anunciassem medidas que reduzam a dívida pública a níveis 'compatíveis com sua qualificação 'AAA''.
Depois desta explicação, o relatório acrescenta a seguinte consideração: 'A Fitch não espera atualmente que os bancos franceses requeiram ou recebam injeções de capital por parte do Estado'. EFE