Cooper Hefner, filho mais novo de Hugh Hefner (foto), fez uma oferta de US$ 100 milhões para recomprar a marca Playboy e reestruturar o negócio, segundo o Wall Street Journal. (.)
Redator na Exame
Publicado em 23 de outubro de 2024 às 12h10.
Cooper Hefner, filho mais novo do fundador da Playboy, Hugh Hefner, fez uma oferta de US$ 100 milhões (R$ 570 milhões) para adquirir a marca que seu pai transformou em um ícone global. Segundo o Wall Street Journal, Hefner apresentou a proposta na última segunda-feira, 21, junto a um grupo de investidores, com o objetivo de comprar a marca Playboy e sua propriedade intelectual. A ideia é levar o negócio para o setor privado por meio de sua firma de investimentos, a Hefner Capital, enquanto outras divisões da Playboy Group continuariam operando como uma empresa separada, sob um novo nome.
A Playboy Group, que também engloba um aplicativo de redes sociais e uma fabricante de lingerie, tem enfrentado dificuldades financeiras. O valor de mercado da empresa caiu drasticamente nos últimos anos, sendo estimado em pouco mais de US$ 50 milhões (R$ 286,2 milhões) na última sexta-feira, 18. Em 2021, quando a companhia abriu capital por meio de uma fusão com uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC), seu valor de mercado ultrapassou os US$ 2 bilhões (R$ 11,5 bilhões). No entanto, as ações caíram mais de 90% desde então.
Cooper Hefner, que foi diretor de criação da Playboy por três anos até 2019, acredita que a marca ainda tem um potencial significativo. Ele afirmou que, além de seu vínculo pessoal com a Playboy, a empresa é uma grande marca americana em perigo devido à má gestão. Em suas palavras, a empresa "foi administrada a um ponto de possível inexistência". Caso a oferta seja aceita, ele planeja trazer novas oportunidades de licenciamento e parcerias com a mídia, como documentários, para revitalizar o negócio e torná-lo relevante novamente.
No entanto, o desafio é grande. A marca Playboy, fundada em 1953 e que se tornou famosa tanto por suas fotografias como por suas reportagens, vem enfrentando um declínio contínuo há décadas. O crescimento da pornografia online e a queda na receita de publicidade na indústria editorial minaram o império construído por Hugh Hefner. Em 2011, a revista estava perdendo cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) por edição, e Hugh Hefner, junto com a firma de private equity Rizvi Traverse, levou a empresa para o setor privado em um acordo avaliado em US$ 207 milhões (R$ 1,2 bilhão).
Nos últimos anos, a Playboy se concentrou mais no licenciamento de seu famoso logotipo e na venda de lingerie e outros produtos. Em 2021, adquiriu a fabricante australiana de lingerie Honey Birdette por mais de US$ 330 milhões (R$ 1,8 bilhões) e integrou a plataforma de criadores de conteúdo Dream ao serviço Centerfold, que visa competir com o OnlyFans. No entanto, essas aquisições se mostraram ineficazes, e a empresa está fortemente endividada, com mais de US$ 200 milhões (R$ 1,2 bilhões) em dívidas. A companhia vem vendendo ativos e cortando custos para tentar se manter financeiramente viável.
Para Cooper Hefner, a queda da Playboy nos últimos anos é reflexo direto de escolhas erradas feitas pela administração. Ele acredita que a empresa entrou em setores nos quais não tinha experiência e, como resultado, perdeu sua relevância. O futuro da marca depende agora de se a Playboy Group aceitará ou não a oferta de US$ 100 milhões (R$ 570 milhões) e se Cooper Hefner será capaz de resgatar o legado de seu pai, transformando a Playboy em um nome relevante para as próximas gerações.
Enquanto isso, o conselho de administração da Playboy, liderado pelo presidente Suhail Rizvi, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a proposta. A decisão pode definir o futuro de uma das marcas mais icônicas da cultura pop americana, que já foi sinônimo de luxo e estilo de vida, mas que agora luta para sobreviver em um mercado completamente diferente daquele que a consagrou décadas atrás.