Jerome Powell, presidente do Fed: mercado especula possível pausa em ciclo de corte de juros até o fim do ano (Yasin Ozturk/Anadolu Agency /Getty Images)
Repórter
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 11h22.
O Federal Reserve (Fed) iniciou o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos com uma redução de 50 pontos-base (bps) na última decisão de política monetária, em setembro. No entanto, o mercado agora vê maior probabilidade de o banco central americano pausar o afrouxamento monetário do que realizar outro corte de 50 bps até o fim do ano. A taxa de referência está atualmente entre 4,75% e 5%.
Nesta terça-feira, 15, investidores precificam 12% de chance de o Fed interromper os cortes na próxima decisão, em novembro, e cerca de 20% de probabilidade de manter a taxa inalterada em uma das duas reuniões restantes em 2024. A chance de outro corte de 50 bps é, por ora, nula.
O cenário mais provável ainda é de dois cortes de 25 bps até o fim do ano, mas dirigentes do Fed enfatizam que os próximos passos dependerão dos dados econômicos. As atenções se voltam para a inflação e o mercado de trabalho, ambos surpreendendo positivamente.
No último payroll, divulgado no início de outubro, foram criados 254 mil empregos em setembro, o maior número desde março e 100 mil acima do mês anterior. A taxa de desemprego caiu de 4,2% para 4,1%.
Por outro lado, as leituras de inflação mostram sinais mistos. O Índice de Preço ao Consumidor (CPI) superou as expectativas, com alta de 2,4% na comparação anual (ante expectativa de 2,3%). No entanto, o Índice de Preço para Consumo Pessoal (PCE), referência principal do Fed, ficou 10 bps abaixo do esperado, em 2,2%.
O núcleo do PCE, por sua vez, voltou a acelerar, de 2,6% para 2,7%, sinalizando um cenário desafiador.
Os riscos para a inflação americana ainda passam pelas incertezas geopolíticas geopolíticos, como os conflitos no Oriente Médio, que afetam o preço do petróleo, e as eleições americanas.
Embora o Dot Plot da última decisão do Fed indique espaço para dois cortes de 25 bps, há divergências entre os diretores.
Christopher Waller, única diretora a votar por um corte mais brando em setembro, pediu "maior cautela" nos próximos cortes e sugeriu que o ciclo pode ser pausado se a inflação surpreender para cima. No entanto, caso a inflação caia abaixo de 2% ou o mercado de trabalho enfraqueça, os cortes poderiam ser antecipados.
Raphael Bostic, outro diretor do Fed, afirmou estar “aberto” à possibilidade de pausar o ciclo de cortes já na reunião de novembro.