Mercados

Fãs das Bitcoins em Wall Street procuram ganhar moeda

Entusiastas estão comprando e conservando a moeda virtual, apostando que ela chegará a novos recordes

Moeda representando a ilustração de um Bitcoin: valor da moeda aumentou cerca de 50 vezes no ano passado (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Moeda representando a ilustração de um Bitcoin: valor da moeda aumentou cerca de 50 vezes no ano passado (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 22h09.

Washington - Após desenvolver uma fascinação pelas moedas digitais, Jonathan Silverman largou seu emprego como gerente de fundos no Morgan Stanley em maio para arrumar outro como operador das moedas virtuais.

Como diretor de operações em uma bolsa de Bitcoins, Silverman, de 25 anos, uniu-se a um grupo de corretores de Wall Street, analistas, hedge funds e outros especuladores que estão apostando na nova moeda. Eles são atraídos pelo crescente valor da Bitcoin – que aumentou cerca de 50 vezes no ano passado – e pela novidade de serem pioneiros em um novo reino das finanças.

“Acho que a Bitcoin será a primeira moeda codificada, mas não a última”, disse Silverman em uma entrevista. “Será um ativo seguro primordial”.

Até agora, a Bitcoin, uma invenção volátil e pouco compreendida, é tudo menos segura. A pressão regulatória sobre a tomada de riscos de Wall Street e as reduções de empregos e salários na indústria desde a crise financeira elevaram o atrativo da moeda virtual para os banqueiros que procuram lucros em outras partes.

Alguns entusiastas da Bitcoin estão comprando e conservando a moeda, apostando que ela chegará a novos recordes. Outros estão abrindo empresas para operar, trocar ou armazenar Bitcoins. Ainda há outros que estão acumulando capital de risco do Vale do Silício e de outros lugares no intuito de investirem em negócios ligados às Bitcoins. Na grande maioria, tratam-se de indivíduos, não de grandes empresas.

“Eles estão liderando o restante de Wall Street”, disse Barry Silbert, fundador e diretor da SecondMarket Inc., uma corretora de Nova York que administra um fundo de moedas virtuais. “Eles estão entusiasmados com a Bitcoin”.

Alguns céticos

Os céticos com as Bitcoins não veem muito mais do que uma nova bolha financeira. Em um artigo feito no mês passado para a Secretaria Nacional de Pesquisa Econômica, o economista David Yermack escreveu que embora as Bitcoins sejam cada vez mais aceitas como meio de troca pelos comerciantes, elas não possuem duas características de toda moeda: são voláteis demais como unidade contábil ou como reserva de valor.


Os reguladores deram sinais ambíguos. Ainda que as agências americanas dissessem que a Bitcoin pode ser considerada um meio legítimo de troca, países como a China e os EUA fecharam algumas bolsas e países escandinavos impuseram restrições.

A repressão regulatória não suprimiu o interesse pelas Bitcoins em Wall Street, disse Jonathan Mohan, fundador da BitcoinNYC, um grupo de redes de comunicações. Uma festa na véspera do Ano Novo perto da Bolsa de Nova York atraiu 150 pessoas para um lugar atualmente chamado NYC Bitcoin Center, onde novas companhias podem alugar escritórios e finalmente trocar Bitcoins pessoalmente, disse Mohan.

Embora aumente o interesse de Wall Street, também aumenta o de Occupy Wall Street, o grupo de protestos que acampou durante meses no Zucotti Park de Nova York em 2011 para protestar contra a influência dos bancos. Os ativistas do Occupy veem a Bitcoin como uma forma de contornar um sistema bancário de que não gostam, tornando mais complexo o trabalho de ligação de Mohan.

“É muito difícil ter banqueiros e o pessoal do Occupy Wall Street na mesma sala”, disse Mohan.

Resultados diversos

Os primeiros dias da Bitcoin produziram resultados diversos para os entusiastas de Wall Street. Silverman, que gerenciou fundos negociados em bolsa durante a maior parte dos três anos que trabalhou no Morgan Stanley, dividia um apartamento em Manhattan com um operador do Goldman Sachs Group Inc. chamado Fred Ehrsam. Em 2012, Ehrsam mudou-se para San Francisco para fundar a Coinbase Inc., uma startup de San Francisco. Neste mês, a Coinbase obteve o maior investimento até agora para uma startup de Bitcoins, US$ 25 milhões.

Silverman não teve tanta sorte. Ele perdeu o emprego quando a bolsa para a qual trabalhava, a Tradehill, de San Francisco, não conseguiu achar um banco que administrasse as trocas de e para dólares. Destemido, agora Silverman está trabalhando em novos empreendimentos com moedas virtuais enquanto estuda a literatura econômica sobre o dinheiro.

“Eu adorava as bolhas quando estava em Wall Street e continuo adorando”, disse Silverman.

Acompanhe tudo sobre:AçõesBitcoinbolsas-de-valoresMercado financeiroMoedaswall-street

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney