Temores sobre impeachment de Trump foram apaziguados por declaração sobre acordo com a China. (Jonathan Ernst/Reuters)
Tais Laporta
Publicado em 25 de setembro de 2019 às 17h39.
Última atualização em 25 de setembro de 2019 às 18h01.
São Paulo - Tudo apontava para mais uma sessão negativa, mas o jogo virou para os mercados. No meio da tarde, o Ibovespa reverteu as perdas vistas pela manhã e o dólar mudou de rumo, após ter superado 4,19 reais. O motivo veio do próprio foco das apreensões mais cedo: Donald Trump. O líder da maior economia global acabou ofuscando os temores sobre seu possível impeachment, ao declarar que um acordo comercial com a China está mais próximo do que se imagina.
O principal índice da B3 avançou 0,58%, a 104.480 pontos, interrompendo uma sequência de dois dias de queda. Por sua vez, o dólar comercial caiu 0,35%, negociado a 4,1548 reais. Na máxima do dia, a cotação atingiu 4,1955 reais, maior valor intradia desde 27 de agosto. No menor valor do dia, a moeda tocou 4,1509 reais.
O viés também foi positivo no exterior. O S&P 500 teve seu maior ganho diário em duas semanas, com investidores focando na trégua comercial e ignorando a tentativa de impeachment do presidente norte-americano. Já os índices acionários da Europa fecharam no menor nível em duas semanas, mas a queda foi amenizada com o otimismo trazido por Trump.
Pela manhã, os investidores direcionaram as atenções para entender se o pedido de impeachment protocolado na véspera contra o presidente seria motivo de pânico. Trump é acusado de negar um repasse para a Ucrânia caso o também presidente do país, Volodymyr Zelensky, não investigasse um de seus rivais democratas, Joe Biden, possível candidato nas próximas eleições.
Mesmo com poucas chances de que o impeachment se concretizasse (já que o Senado dos EUA é majoritariamente republicano), a cautela fez o dólar apreciar contra as demais moedas.
Pela tarde, contudo, uma notícia positiva do próprio Trump amenizou o mau humor dos mercados. Segundo ele, um acordo comercial com a China pode acontecer mais cedo do que as pessoas pensam. “Eles querem muito fazer um acordo ... Isso pode acontecer mais cedo do que você pensa”, disse a repórteres em Nova York.
"É o fenômeno Trump. As atenções hoje se voltaram totalmente ao cenário externo, com o impeachment do Trump e as afirmações dele sobre a China", afirmou à Reuters Jefferson Laatus, sócio fundador do Grupo Laatus.
A declaração veio um dia após Trump repreender as práticas comerciais da China na Assembleia Geral das Nações Unidas, dizendo que não aceitará um “acordo ruim”. Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China e conselheiro de Estado, reagiu dizendo que Pequim não se curvará a ameaças, inclusive no comércio, embora resultados positivos nas próximas negociações.
A ação da rede de eletrodomésticos e móveis Via Varejo (ON) avançou 2,28%, na contramão dos demais papéis do setor varejista. Segundo notícia veiculada na imprensa, o maior acionista e presidente do conselho de administração da empresa, Michael Klein, planeja vender a operação do Extra.com de volta para o Grupo Pão de Açúcar.
A Oi chegou a cair mais de 10% após fontes negarem ao jornal Valor Econômico a intenção da americana AT&T comprar a companhia brasileira. Segundo a reportagem, a gigante das telecomunicações estaria disposta a investir no mercado brasileiro, mas apenas em produção de conteúdo. Às 16h13, a queda era de 6,73%, a 0,97 real.
O papel da mineradora Vale apreciou 1,98%, após uma decisão do Tribunal Superior inglês de que a companhia está autorizada a continuar com a execução da sentença arbitral de 2 bilhões de dólares contra a BSG Resources (BSGR) no Reino Unido.