Facebook: pressão de autoridades e de investidores (Dado Ruvic/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 20 de março de 2018 às 15h00.
Última atualização em 20 de março de 2018 às 16h31.
São Paulo -- O Facebook vive dias cinzas após a descoberta do vazamento de dados de milhões de usuários para uma consultoria que trabalhava para a campanha de Donald Trump.
Além da pressão das autoridades dos Estados Unidos e do Reino Unido, que agora querem saber se a empresa fez a tarefa de casa para proteger os dados, a companhia de Mark Zuckeberg enfrenta a reação negativa de seus investidores.
Só na segunda-feira, as ações do Facebook caíram quase 7%, reduzindo em 36,4 bilhões de dólares o valor de mercado. Por volta das 16h30 (horário de Brasília) de hoje, os papéis caíam em torno de 3,5%, provocando uma perda de ao menos 17 bilhões de dólares.
No último sábado, a mídia norte-americana e londrina noticiou que informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook acabaram indevidamente nas mãos da empresa de análise de dados britânica Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump.
As informações foram utilizadas para construir um programa destinado a prever as decisões dos eleitores e influenciá-las, segundo revelaram os jornais “The London Observer” e “The New York Times”.
“Estamos realizando uma revisão integral, interna e externa, para determinar se são certas as informações de que os dados em questão (roubados) do Facebook ainda existem”, disse em comunicado Paul Grewal, vice-presidente e membro da equipe legal do Facebook.
Segundo a rede social, Aleksandr Kogan, um professor de psicologia russo-americano da Universidade de Cambridge, acessou os perfis de milhões de usuários que baixaram um aplicativo para o Facebook chamado “thisisyourdigitallife” e que oferecia um serviço de prognóstico da personalidade.
Depois proporcionou mais de 50 milhões de perfis a Cambridge Analytica, sendo que 30 milhões deles tinham informações suficientes para serem exploradas com fins políticos, apesar de apenas 270.000 usuários terem dado seu consentimento para que o aplicativo acessasse sua informação pessoal, segundo o “NYT”.
Ao compartilhar esses dados com a empresa e com um dos seus fundadores, Christopher Wylie, Kogan violou as regras do Facebook, razão pela qual essa rede social eliminou em 2015 o aplicativo e exigiu a todos os envolvidos que destruíssem os dados coletados.
“Há vários dias, recebemos informes que nem todos os dados foram apagados”, indicou o Facebook na sexta-feira, advertindo que estava disposto a ir aos tribunais para resolver o tema.
Entre os investidores na Cambridge Analytica estão o ex-estrategista-chefe de Trump e ex-chefe da sua campanha eleitoral em 2016, Steve Bannon, e um destacado doador republicano, Robert Mercer.
A campanha eleitoral de Trump contratou a Cambridge Analytica em junho de 2016 e lhe pagou mais de 6 milhões de dólares, segundo registros oficiais.
Além da apuração no Congresso americano e no parlamento britânico, o caso poderia gerar uma multa multimilionária para o Facebook, pela sua possível violação de uma regulação da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) para proteger a privacidade dos usuários de redes sociais.
Com agência EFE,