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Facebook detona receio de bolha 2.0

Analistas reclamam da falta das informações financeiras confiáveis sobre a rede social; investidores temem nova bolha com IPOs de Twitter, Groupon e LinkedIn

Segundo o Goldman Sachs, o Facebook vale US$ 50 bilhões (pshab/Flickr)

Segundo o Goldman Sachs, o Facebook vale US$ 50 bilhões (pshab/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h08.

San Francisco - O site de redes sociais Facebook está despertando receios entre os investidores sobre a formação de uma nova bolha de ativos no setor de Internet devido à alta acelerada do valor da empresa.

Executivos do Goldman Sachs ofereceram a seus clientes mais abastados menos de uma semana para decidirem se investem 2 milhões de dólares cada para terem um pedaço do site, com valor de mercado avaliado em 50 bilhões de dólares.

Para um cliente do Goldman, que esperava um documento financeiro de 100 páginas sobre o site ser entregue na quinta-feira, um dia antes do prazo para a decisão sobre o investimento, o cenário "lembra um pouco 1999".

Graças à última infusão de recursos do Goldman Sachs, de cerca de 450 milhões de dólares com o compromisso de se levantar outro 1,5 bilhão de dólares, o Facebook se tornou centro do debate sobre se as novas empresas da Internet são capazes de gerar lucro suficiente para justificar as expectativas implacáveis de Wall Street.

"Parece um pouco irracional algumas dessas transações, alguns desses valores, particularmente dado o nível de divulgação de informações", disse Robert Ackerman, fundador da empresa de investimento de risco Allegis Capital.

"Talvez com o Facebook isso se justifique", disse ele, "mas e as outras empresas que vão acompanhar a onda do Facebook?"

Twitter e Groupon, esta última empresa que oferece serviço de compras coletivas e é considerada por alguns analistas como a empresa de crescimento mais rápido da história da Internet, também estão considerando planos para ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) antes do potencial IPO do Facebook no final de 2012, afirmaram executivos de bancos à Reuters.

Enquanto isso, a LinkedIn não está perdendo tempo. A rede social para profissionais, com 85 por milhões de usuários, contratou bancos para abrir seu capital este ano.

Para o Facebook, que a Bloomberg e outros veículos de imprensa estimaram ter gerado 2 bilhões de dólares em receita no ano passado, o valor de mercado de 50 bilhões de dólares significa que os investidores estão concedendo um prêmio com múltiplo de 25 vezes o faturamento, ante relações de nove vezes do Google e de 2,5 vezes da Amazon.com.

Nos primeiros nove meses de 2010, o Facebook teve receita de 1,2 bilhão de dólares e lucro líquido de 355 milhões, segundo dados financeiros não auditados divulgados pelo Goldman Sachs a seus clientes.

US$4 por usuário

O Facebook gera 4 dólares por usuário, ante 24 dólares do Google e 8 dólares do Yahoo, segundo relatório recente do JPMorgan.

Esses números fazem o Facebook parecer ser caro aos olhos de investidores que medem investimentos por meio de padrões financeiros tradicionais, afirmou Ken Sawyer, diretor da empresa de capital de risco Saints Capital, que detém ações do Facebook.

Os investidores vão ter de olhar para além dos retornos financeiros passados do site para se concentrarem no potencial de transformação de negócios da companhia.

"Depende de sua visão de mundo", disse Sawyer. "Se você acredita que a capacidade de crescimento do mercado de redes sociais vai mudar a maneira como as empresas conseguem clientes, então o valor de mercado é barato."

Assim como a busca atrelada a anúncios do Google revolucionou a maneira como empresas conseguem clientes, a audiência do Facebook de meio bilhão de pessoas tem permitido empresas como a produtora de jogos online Zynga e o serviço de encontros Zoosk a obterem dezenas de milhões de usuários próprios em tempo recorde, disse Sawyer.

Conforme o Facebook cria mais maneiras de fazer dinheiro a partir dessa capacidade, como obter comissões sobre transações feitas por outras empresas em sua plataforma, a oportunidade pode ser substancial, disse ele.

Leia mais: Redes Sociais e o medo de uma nova bolha da internet

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