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Facebook derrete na Bolsa em meio ao escândalo de vazamento de dados

Na Nasdaq, o preço das ações da rede social passou de 185 dólares para a casa dos 133 dólares, uma desvalorização de 28%, e o valor continua caindo

 (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

(Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 18h02.

Última atualização em 21 de dezembro de 2018 às 16h02.

São Paulo — Desde a primeira notícia sobre o escândalo de vazamento de dados dos usuários do Facebook, a empresa de Mark Zuckerberg já perdeu quase 157 bilhões de dólares em valor de mercado —mais do que valem, juntas, a IBM e a Tesla.

Na Nasdaq, o preço das ações da rede social passou de 185 dólares para os atuais 133 dólares, uma desvalorização de 28%, e o valor continua caindo. Aqui no Brasil, o BDR (recibos de ações de companhias estrangeiras negociados na B3) da empresa foi de 299 reais para 257 reais, baixa de 14%.

O pesadelo do Facebook começou em 17 de março deste ano, quando o jornal americano The New York Times expôs o compartilhamento indevido de dados de usuários de um quizz da rede social com a empresa de consultoria Cambridge Analytica.

Inicialmente, a denúncia falava em 50 milhões de usuários afetados, mas logo em seguida foi confirmado que a consultoria teve acesso aos dados de 86 milhões de pessoas. A repercussão do escândalo levou Zuckerberg ao Congresso dos EUA para responder a perguntas sobre o ocorrido, e o FB passou a ser alvo de pressão de autoridades regulatórias em vários países.

Em abril, o Facebook informou que a maioria dos seus quase 2 bilhões de usuários podem ter tido dados indevidamente acessados. O motivo seria que a empresa não teria dado a devida atenção à coleta de dados por desenvolvedores de aplicativos por conta da brecha de acesso a dados de amigos de usuários.

Zuckerberg chegou a admitir que não cuidar melhor dos dados dos usuários do Facebook foi um erro. Desde que tomou ciência do caso, ele começou a coordenar uma série de medidas em prol da privacidade dos internautas, bem como da transparência da empresa quanto ao uso de informações das pessoas.

No dia anterior à notícia do NYT, o valor de mercado do FB era de 545 bilhões de dólares. No dia seguinte, caiu para 508 bilhões. A cifra afundou um pouco mais nos dias seguintes, mas logo se recuperou até chegar aos 633 bilhões de dólares em 25 de julho.

E aí, veio um tombo histórico. O Facebook divulgou seu balanço financeiro do segundo trimestre de 2018 com números abaixo do que era esperado pelo mercado. No dia seguinte, 26 de julho, o valor de mercado da empresa derreteu 120 bilhões de dólares (mais de 400 bilhões de reais), com as ações da companhia registrando uma queda diária de 19%.

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a perda do Facebook somente naquele dia foi equivalente ao valor inteiro do McDonald's ou da Nike, ou então à soma dos valores de Petrobras e Bradesco, conforme destacou o jornal Folha de S.Paulo. Também superou todo o mercado acionário da Argentina.

O que mais assustou o mercado foi o alerta feito pelo próprio Facebook de que a nova realidade da empresa pode ser mais modesta, com desaceleração no crescimento nos meses seguintes. A empresa estimou ainda que, em 2019, o crescimento dos gastos será maior que o da receita.

O balanço acendeu o sinal amarelo entre analistas, que revisaram projeções para o preço das ações do Facebook, entre elas, o banco suíço UBS, o americano JP Morgan e a casa de investimento Baird.

De lá para cá, ladeira a baixo. O valor de mercado da companhia foi caindo gradativamente até chegar nos atuais 381 bilhões de dólares. A cereja do bolo veio na semana passada, quando o Facebook anunciou que uma falha na sua plataforma para desenvolvedores permitiu o acesso de fotos de 6,8 milhões de contas por parte de aplicativos terceiros. As imagens em questão estavam marcadas como privadas, e não públicas.

Já corrigida, a falha existiu por 12 dias, no mês de setembro deste ano. As pessoas que foram afetadas pelo problema foram notificadas pela rede social. O bug estava na ferramenta virtual de compartilhamento de informações com desenvolvedores de aplicativos no Facebook.

Quando um app solicitava fotos públicas, o erro podia dar acesso a fotos privadas de um perfil ou àquelas que foram compartilhadas no Marketplace, área de vendas de produtos entre pessoas, ou no Stories, o campo de imagens que desaparecem em 24 horas da rede social.

Na última terça-feira, o Facebook foi multado pela Itália em 10 milhões de euros em razão do vazamento de dados de usuários à Cambridge Analytica. Outras condenações em diferentes lugares ainda podem surgir. Agora, resta saber se a estratégia de Zuckerberg de ampliar os esforços no Instagram, rede social comprada pelo FB, vai dar certo.

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