Fachada da Foxconn: abertura de capital servirá para financiar parte de ambicioso projeto de ampliação dos negócios em território nacional (foto/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2012 às 21h35.
São Paulo - Depois de enfrentar complicações burocráticas e financeiras para colocar em funcionamento a planta de montagem de iPhones e iPads em Jundiaí, no estado de São Paulo, a taiwanesa Foxconn encontrou seu eixo para se firmar como uma das maiores fabricantes de produtos e componentes eletroeletrônicos do Brasil.
Prova disso é que, após nove anos no país, a empresa está finalmente colocando em prática seu plano de abrir capital na Bolsa de Valores de São Paulo. Segundo fontes ouvidas pelo site de VEJA e que participam das negociações, a companhia prepara a reestruturação de suas operações brasileiras para, em seguida, estrear na BM&FBovespa. O objetivo é fazer a oferta inicial de ações já no ano que vem.
A abertura de capital não é uma ideia nova para a subsidiária da Foxconn no país. Quando o presidente mundial da empresa, Terry Gou, anunciou investimentos de 12 bilhões de dólares no Brasil em um intervalo de seis anos – durante a visita da presidente Dilma Rousseff à China, em abril de 2011 – ficou decidido que a ampliação dos investimentos seria financiada, em parte, pelo mercado de capitais. A informação foi revelada pela coluna Radar on-line de VEJA em agosto do ano passado.
Contudo, a bolsa brasileira acabou sendo penalizada ao longo de 2011 pelo agravamento da crise europeia e também pela crise da dívida pública dos Estados Unidos. O Ibovespa, principal indicador da BM&FBovespa, recuou 18% no ano passado, para 56.754 pontos – mesmo patamar do final de 2009. A conjuntura desfavorável espantou todas as possibilidades de oferta de ações na bolsa, inclusive a da fabricante fundada em Taiwan.
Agora, com a retomada da bolsa, o avanço da comercialização de aparelhos da Apple e a desoneração da produção de smartphones, a companhia decidiu acelerar seu plano de expansão no Brasil. Para isso, fechou com o estado de São Paulo um acordo para a construção de seu maior polo industrial, na cidade de Itu, após cinco anos de duras negociações. Apenas nesse projeto, a Foxconn deverá investir cerca de 1 bilhão de reais.
Reestruturação – A abertura de capital servirá para financiar parte desse ambicioso projeto de ampliação dos negócios em território nacional. Nos últimos meses, a empresa iniciou um processo de reestruturação de suas quatro unidades brasileiras – que serão todas consolidadas em apenas uma holding, a qual deverá ir à bolsa, segundo informações de pessoas ligadas à operação. A reestruturação societária está sendo montada pelo BTG Pactual, com auditoria da Deloitte. Procurada pela reportagem do site de VEJA, a Foxconn não confirmou a abertura de capital. Já o BTG afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comenta rumores de mercado.