Visitantes observam preços de ações em monitores da BM&FBovespa: volume financeiro das operações foi menor no ano passado, em relação a 2012 (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2014 às 18h14.
São Paulo - Executivos do mercado financeiro avaliam que 2014 não será um ano de grandes avanços no mercado de dívida local, com as empresas optando por operações de mais curto prazo diante da volatilidade nas taxas de juros.
Na visão do chefe global da área de emissão de dívida do Banco do Brasil, Aguinaldo Barbieri, essa tendência já foi mostrada em 2013 e deverá se repetir este ano. Com um cenário mais caro para a emissão de debêntures diante do aumento da Selic, as companhias acabaram optando por operações de curto prazo, como a emissão de notas promissórias, disse ele.
Apesar do aumento do número de emissões, o volume financeiro das operações foi menor no ano passado, em relação a 2012.
Segundo números apresentados pelo executivo, as operações totais no mercado de dívida local avançaram 20 por cento em 2013 ante 2012, para 426 transações, enquanto as emissões de notas promissórias saltaram 52,7 por cento, para 171 operações.
"2014 é ano de janelas, super apertado e comprimido pelos eventos", afirmou Barbieri, prevendo que o mercado de dívida local deve apresentar um desempenho geral semelhante ao do ano passado, tanto em termos de operações, quanto em termos de volume. Em 2013, esse mercado movimentou 88,8 bilhões de reais, ante 112 bilhões de reais em 2012.
"As empresas que em 2012 aproveitaram bom momento do mercado e fizeram caixa (com emissão de debêntures) estão podendo nesse momento rolar dívida com operações de curto prazo, porque não estão com necessidade tão premente e estão aguardando uma melhora de cenário", disse.
Para o vice-presidente financeiro da empresa de imóveis comerciais BR Properties, Pedro Daltro, a queda de braço entre emissores e investidores irá continuar, já que as companhias estão mais cautelosas para novas emissões de debêntures em função do aumento do custo de captação, enquanto os fundos buscam mais títulos pela melhoria de rentabilidade proporcionada pelo aumento dos juros.
"Enquanto o Banco Central não estabilizar a política de juros e a gente não vir a curva longa de juros em patamares baixos, a gente vai ter volumes de debêntures menores do que nos anos anteriores", disse Daltro.