Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt, na Alemanha (Kai Pfaffenbach/Reuters)
O euro está recuperando força em relação ao dólar após cair para a mínima em 20 anos na semana passada.
O euro está ganhando mais de 1% em no câmbio com o dólar, superando o US$ 1,02, com os investidores que esperam uma alta das taxas de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE).
Os mercados estão precificando uma alta dos juros na UE, entre 0,25 e 0,50 pontos percentuais . Seria a primeira elevação das taxas de juros desde 2011, e poderia tirar os juros na Europa do território negativo.
A última vez que o BCE aumento os juros em 0,50 pontos foi em 2000.
O Banco Central Europeu sinalizou amplamente que iria mudar a Deposit Facility, sua principal taxa de juros, para enfrentar a inflação recorde na Europa, que já alcançou 8,6% em junho.
Alguns países membros do euro - como os bálticos, onde a inflação está próxima de 20 por cento – já pediram publicamente um aumento de 0,50 pontos percentuais. Algo inusual na dialética do Banco Central Europeu.
O BCE tem como objetivo manter a taxa de inflação por volta de 2% ao ano na média tendencial.
Em 2014, o então presidente do BCE, Mario Draghi, decidiu levar os juros para o território negativo para estimular empréstimos e gastos em um momento de crise severa da zona do euro, provocada pelas incertezas sobre a solvência da dívida soberana dos países membros do bloco.
Entretanto, nesse contexto de inflação muito elevada - que em alguns países europeus como a Espanha já chegou em dois dígitos - o BCE está ficando atrás do Federal Reserve (Fed) e do Banco da Inglaterra em levar adiante uma política monetária restritiva.
Mas uma alta dos juros poderia desencadear uma desaceleração econômica na Europa, além de aumentar o desembolso dos países mais endividados no serviço da dívida.
Além disso, a instabilidade política na Itália, a terceira economia da União Europeia, e o risco de eleições antecipadas, poderiam afetar ainda mais a força conjuntural da moeda única europeia.
O debate entre os 25 membros do Conselho dos Governadores do Banco Central Europeu começa na quarta-feira, e refletir as crescentes preocupações do que a instituição monetária central europeia está atrás da curva da inflação.