Redator na Exame
Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 08h55.
Nesta semana, o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed) anunciaram suas decisões sobre política monetária, evidenciando um movimento oposto entre as economias. Enquanto o BCE reduziu os juros para 2,75%, o Fed manteve a taxa americana entre 4,25% e 4,5%, tornando os investimentos nos Estados Unidos mais atraentes.
Essa divergência pode enfraquecer o euro e levá-lo a uma eventual paridade com o dólar. Isso ocorre porque taxas de juros mais altas nos EUA aumentam o retorno sobre ativos denominados em dólares, estimulando o fluxo de capital para o país e fortalecendo a moeda americana em relação ao euro.
A trajetória da moeda dependerá das próximas decisões dos bancos centrais. O mercado já precifica pelo menos três novos cortes na zona do euro até o fim do ano, o que pode intensificar a disparidade entre as políticas monetárias e acelerar a desvalorização da moeda europeia.
Além disso, o presidente americano Donald Trump ameaça impor tarifas sobre exportações europeias, o que pode comprometer ainda mais o crescimento da região e pressionar o euro para baixo.
O estrategista de mercado global do J.P. Morgan Private Bank, Matthew Landon, afirmou à Bloomberg que “as reuniões do banco central desta semana confirmam a divergência na política [...], trazendo a possibilidade de paridade euro-dólar de volta à disputa”.
A situação econômica da União Europeia reforça a necessidade de cortes nos juros. Dados divulgados nesta semana apontam que o PIB do bloco ficou estagnado no último trimestre de 2024, puxado pelas quedas da Alemanha e França. Enquanto isso, os EUA continuam a apresentar crescimento sólido, justificando a manutenção da política monetária mais rígida por parte do Fed.
O cenário de incerteza política e crise orçamentária na França, somado às eleições na Alemanha no próximo mês, adiciona mais volatilidade ao mercado. Segundo Van Luu, chefe global de moedas na Russell Investments, um possível cessar-fogo na Ucrânia e a formação de um novo governo alemão poderiam reverter parte das perdas do euro.
No início de janeiro, o euro atingiu seu menor nível em dois anos, chegando a US$ 1,0178. Entretanto, o adiamento das tarifas de Trump ajudou a moeda a recuperar parte do terreno, chegando a US$ 1,04 nesta sexta-feira.
Apesar da leve recuperação, o pessimismo persiste entre os investidores. O prêmio de risco para proteger contra a queda do euro dobrou desde quarta-feira, e as apostas na paridade euro-dólar cresceram significativamente em janeiro, segundo dados da DTCC (Depository Trust & Clearing Corporation).
Se o BCE mantiver sua postura mais flexível e o Fed continuar sustentando taxas elevadas, o cenário de desvalorização do euro pode se intensificar nos próximos meses.