Silicon Valley Bank: governo americano não planeja resgate ao banco com base forte de clientes vindos de startups do Vale do Silício (Andrey Rudakov/Bloomberg/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 12 de março de 2023 às 15h34.
Última atualização em 13 de março de 2023 às 11h24.
A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse neste domingo, 12, que o governo dos EUA não planeja resgatar o Silicon Valley Bank (SVB), mas que está trabalhando para ajudar os depositantes que estão preocupados com seu dinheiro.
Em entrevista ao programa Face the Nation, da CBS, ela forneceu poucos detalhes sobre os próximos passos do governo, mas enfatizou que a situação é bem diferente da crise financeira de quase 15 anos atrás, que levou a resgates bancários para proteger o setor.
"Não vamos fazer isso de novo, mas estamos preocupados com os depositantes e focados em tentar atender às suas necessidades", disse, em tentativa de tranquilizar a população de que não haverá efeito dominó após o colapso do SVB. "O sistema bancário americano é realmente seguro e bem capitalizado. É resiliente", afirmou.
Embora a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) proteja depósitos de até US$ 250.000, há preocupações com os depósitos do SVB acima disso, pois o receio é de que muitas empresas menores correm o risco de não conseguir pagar seus funcionários.
De acordo com a Reuters, filas foram vistas do lado de fora de uma agência do First Republic Bank na Califórnia, com clientes preocupados querendo sacar fundos após o colapso do SVB. Diante disso, as autoridades americanas também estão acompanhando de perto o aumento das retiradas de outros bancos regionais.
Lines were seen outside a First Republic Bank branch in California, with worried customers wanting to withdraw funds after the sudden collapse of Silicon Valley Bank. SVB Group on Friday became the largest bank to fail since the 2008 financial crisis https://t.co/YQyF6dE5vi pic.twitter.com/f8robxtwrw
— Reuters (@Reuters) March 12, 2023
Fundado em 1983 na Califórnia, o Silicon Valley Bank fornece crédito para startups. Segundo o SVB, o banco forneceu crédito para 44% das startups de tecnologia e heath techs listadas na bolsa americana no último ano. Além dos Estados Unidos, o SVB tem ação global, em países como Alemanha, Canadá, China, Dinamarca, Índia, Israel, Reino Unido e Suécia.
Na quarta-feira, dia 8 de março, o SVB anunciou que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O plano do SVB seria oferecer US$ 1,25 bilhão em venda de ações ordinárias e mais US$ 500 milhões em ações preferenciais conversíveis obrigatórias. O fundo General Atlantic concordou que compraria outros US$ 500 milhões em ações ordinárias do banco, fechando o valor estimado.
O anúncio, porém, causou pânico entre os investidores e desembocou em uma crise de liquidez com clientes retirando os recursos do SVB.
Na bolsa, as ações desabaram 87% em dois dias. Na sexta-feira, 10, o papel reagiu ainda à notícia da CNBC de que a SVB Financial, controladora do SVB, estaria em contato com fontes para vender a própria operação após a tentativa frustrada do banco em levantar capital.
Na segunda-feira, dia 13 de março, o banco reabrirá sob o controle do recém-criado Deposit Insurance National Bank of Santa Clara. Quando isso acontecer, os depositantes segurados com até US$ 250 mil em suas contas poderão acessar seu dinheiro.
Entretanto, a maioria dos depósitos não é segurado e ainda não está claro se os clientes poderão acessar o dinheiro ou se receberão tudo de volta. Como Yellen já avisou que o resgate do banco não está sendo avaliado, os reguladores estão analisando outras opções.
Uma delas que poderia ser usada como ferramenta de exceção de risco sistêmico do FDIC para proteger os depósitos não segurados no SVB. Para isso, é necessária uma ação conjunta com o Tesouro e o FED, banco central americano. De acordo com informações da Bloomberg, os reguladores estariam avaliando a criação de um veículo especial de investimento que apoiaria depósitos não garantidos em outros bancos.
Outra possibilidade é que outro banco se prontifique a comprar parte ou a totalidade do SVB. Isso aconteceu durante a crise financeira, inclusive quando o JPMorgan Chase absorveu o Washington Mutual em 2008.
Com informações da Agência Estado e Reuters