A inadimplência entre empréstimos estudantis cresceu 22% nos últimos 7 anos (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 13h44.
São Paulo - “Estamos prestes a enfrentar a crise de dívida mais subestimada de todos os tempos”. O tom alarmista é do bastante acompanhado blog Zero Hedge, que está preocupado com o crescimento da crise dos empréstimos estudantis nos Estados Unidos, mas que está amparado em números igualmente alarmantes desse tipo de operação que já movimenta quase 1 trilhão de dólares.
Uma pesquisa recente da consultoria FICO aponta que os estudantes que pegam empréstimos representam hoje um risco muito maior de inadimplência do que aqueles que tomaram o mesmo tipo de empréstimo há alguns anos. A situação é agravada pelo crescimento significativo no montante da dívida que os recém-formados estão carregando.
“Essa situação é simplesmente insustentável e nós já estamos sofrendo as consequências”, afirma Andrew Jennings, o analista-chefe da FICO.
Segundo a pesquisa, atualmente, a taxa de inadimplência de empréstimos estudantis que foram originados entre 2005 e 2007 é de 12,4%. Já para os financiamentos originados entre 2010 e 2012, a taxa é de 15,1%, o que representa um aumento de 22% na inadimplência.
O que chama mais atenção – e também é o mais preocupante – é que enquanto a inadimplência está aumentando, a valor médio da dívida dos empréstimos estudantis está crescendo ainda mais rápido. Em 2005, o valor médio era de 17.233 dólares. Em 7 anos, a quantia subiu para 27.253 dólares – crescimento de 58%, enquanto outras formas de financiamento como de carros caíram nesse mesmo período.
Desemprego
Além disso, nesses 7 anos, a parcela da população que tem 1 ou mais empréstimos estudantis saltou de 12,1% em 2005, para 19% em 2012. Ao mesmo tempo, a economia americana tenta se recuperar e as taxas de desemprego – especialmente entre os jovens – permanecem altas.
Um outro estudo sobre o tema feito pela empresa de pesquisa e consultoria TransUnion oferece mais evidências do aperto financeiro que enfrentam os recém graduados nas universidades americanas.
Segundo os dados levantados pela pesquisa, mais da metade dos empréstimos estudantis estão sendo prorrogados, permitindo que os estudantes façam os pagamentos posteriormente. O problema é quando acaba esse período de prorrogação – em geral, de 3 anos – e o devedor tem que enfrentar um mercado de trabalho desanimador.
“As taxas de desemprego e sub-emprego entre recém formados – pessoas com menos de 25 anos – estão em cerca de 50%, maior patamar em mais de uma década”, disse à CNBC Ezra Becker, vice-presidente da TransUnion.
A crise dos empréstimos estudantis também chama atenção quando comparada com as hipotecas: a taxa de inadimplência entre os estudantes já é mais que o dobro.
Ainda assim, segundo Becker, é improvável que a situação dos financiamentos estudantis leve a uma catástrofe econômica como a bolha imobiliária fez. Há diferenças importantes entre a dívida do estudante e dívida hipotecária: o primeiro é um segmento muito menor da economia do que o mercado imobiliário, além disso, como a maioria dos empréstimos estudantis não pode ser descartada em caso de falência, os empréstimos eventualmente serão reembolsados.