Bolsa: companhias seguem com seus planejamentos e garantem captação na B3 o mais cedo possível (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de julho de 2017 às 10h10.
São Paulo - As estreias previstas para este mês na bolsa paulista têm potencial para movimentar mais de R$ 10 bilhões, a despeito da crise política em que o Brasil se encontra. Caso todas as ofertas sejam confirmadas, o ano de 2017 ultrapassará o volume das ofertas de ações de 2013, que foi de cerca de R$ 23 bilhões, para atingir o maior resultado desde 2010. Ao fim do primeiro trimestre, as ofertas já realizadas somavam R$ 15,4 bilhões, considerando a oferta da BR Properties, do setor imobiliário, anunciada nesta sexta-feira, 30, pela companhia.
O volume dos primeiros seis meses já supera todo o movimento do mercado brasileiro no ano passado - que foi de R$ 10,6 bilhões. Caso as expectativas atuais do mercado sejam atingidas, o total a ser movimentado na B3 com ofertas de ações - contando abertura de capitais e outros tipos de ofertas - terá o maior volume desta década. Em 2010, o movimento chegou a R$ 149 bilhões, embora o resultado daquele ano tenha sido inchado por uma capitalização de mais de R$ 120 bilhões da Petrobras.
Na opinião do diretor-presidente da B3 (empresa formada a partir da fusão da BM&FBovespa e da Cetip), Gilson Finkelsztain, o número de empresas recorrendo ao mercado de capitais ainda pode crescer até dezembro, elevando o resultado geral de 2017. O executivo disse que ainda há entre 15 e 20 companhias preparadas para realizar uma potencial abertura de capital em um prazo entre 6 e 12 meses.
"Não vimos nenhuma mudança após os recentes eventos (na política). Obviamente, as empresas estão atentas às notícias, mas estão seguindo com suas jornadas e se preparando para o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês)", afirmou o executivo. Ele ponderou, contudo, que para o mercado de capitais brasileiro crescer efetivamente é necessário mais estabilidade para os rumos do País.
A despeito da crise instaurada após a delação do empresário Joesley Batista, que implicou o presidente Michel Temer e outras figuras importantes da política nacional, as companhias estão preferindo seguir com seus planejamentos e garantir a captação na B3 o mais cedo possível. A percepção é de que o ambiente poderá ficar ainda mais obscuro mais para o fim deste ano. Além disso, a eleição presidencial de 2018 também pode colaborar para deixar o ambiente mais incerto.
Além disso, o excesso de liquidez global e a chegada de investidores com baixa exposição em emergentes também contribuem para novos aportes de capital no País. No acumulado de 2017, até agora, a bolsa brasileira foi palco de oito ofertas de ações, sendo três IPOs.
Em julho, o destaque deve ficar para a abertura de capital da operação nacional do Carrefour, que poderá movimentar entre R$ 4,45 e R$ 5,64 bilhões - isso sem contar os lotes extras, que podem ampliar ainda mais o valor a emissão. Líder no setor de alimentação no País, a operação local da multinacional francesa tem entre seus sócios a Península, empresa de investimentos da família de Abilio Diniz.
O ex-controlador do Pão de Açúcar - hoje nas mãos de outro grupo francês, o Casino - entrou no negócio local do Carrefour no fim de 2014 e hoje detém uma participação de 12%. Depois de ir às compras na França, Abilio é hoje o terceiro maior acionista global da varejista, atrás somente da família Moulin (dona da Galeries Lafaeyette) e de Bernard Arnaud (controlador da Louis Vuitton).
A oferta da Biotoscana - empresa de produtos farmacêuticos controlada pelo fundo de investimentos Advent - deve movimentar cerca de R$ 1 bilhão. Já a resseguradora IRB Brasil Re e a Notredame Intermédica, da área de saúde, também podem chegar à casa do bilhão. Outra operação esperada para este mês é a da Ômega Geração, do setor de energia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.