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Estrangeiros veem eleição como determinante para investir

Levantamento aponta que 70% dos investidores americanos com aplicações no Brasil consideram eleição como principal fator para continuar no mercado local


	Investidores: segundo investidores, em uma escala de 1 a 5, a média de otimismo com a situação no Brasil é 3
 (REUTERS/Brendan McDermid)

Investidores: segundo investidores, em uma escala de 1 a 5, a média de otimismo com a situação no Brasil é 3 (REUTERS/Brendan McDermid)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2014 às 08h47.

São Paulo - Um levantamento feito pelo banco de investimentos americano BNY Mellon com investidores americanos com aplicações no Brasil aponta que 70% deles consideram o resultado da eleição presidencial como o principal fator para continuar no mercado local nos próximos 12 a 18 meses.

A pesquisa, segundo o diretor da área de recibos de ações brasileiras em mercados estrangeiros (os chamados ADR, ou “Depositary Receipts”) do BNY Mellon, Nuno da Silva, foi enviada a 50 grandes investidores institucionais dos Estados Unidos, que tivessem aplicações no mercado de ações brasileiro. O executivo concedeu entrevista durante o 16º Encontro de Relações com Investidores, realizado hoje em São Paulo.

Apenas dez deles retornaram a pesquisa. Mesmo assim, a carteira de aplicações desses investidores na bolsa brasileira soma US$ 10,5 bilhões. De acordo com Silva, os participantes da pesquisa acreditam que há potencial de crescimento no país, mas é preciso que o governo local garanta um ambiente minimamente atrativo para os investimentos.

Ainda segundo esses investidores, em uma escala de 1 a 5, a média de otimismo com a situação no Brasil é 3. “Achei que seria muito pior”, afirma o executivo do BNY. As razões para essa desconfiança com o cenário político incluem questões como as intervenções do governo no mercado, a dificuldade no controle inflacionário, o baixo crescimento econômico e as necessidades de ajustes, como, por exemplo, dos preços administrados.

Questões externas

Há, contudo, outras questões que têm contribuído para que investidores internacionais olhem para o Brasil com desconfiança. O impacto dos acontecimentos do cenário externo na economia local também preocupa. “A economia americana está em fase de crescimento, dando sinais de estabilidade, com taxa de desemprego abaixando e um fluxo de capital de volta para o mercado do país”, diz Silva.

O executivo observa que, à medida que os EUA se recuperam e os juros dos títulos americanos começam a subir, a disponibilidade de dinheiro para ser investido em países emergentes, como o Brasil, automaticamente cai. “O crescimento por aqui não é tão alto, há as inquietações políticas, o Brasil tem baixas taxas de investimentos e de poupança”, lembra. “Então, quando os títulos americanos, que são praticamente livres de risco, começam a ficar mais rentáveis, os investidores todos vão para lá em busca de ganhos.”

Ainda há interesse

Apesar de todos os desestímulos aos investidores estrangeiros, o executivo do BNY afirma que “eles continuam gostando muito do Brasil, que ainda é visto como um dos centros econômicos do mundo”. Segundo Silva, a percepção dos grandes investidores americanos que responderam à pesquisa é a de que o desenvolvimento do mercado e das empresas brasileiras foi real, sem bolhas, com o surgimento de companhias maduras. “Os estrangeiros ainda estão interessados, mas com cautela.”

Por essa razão, ele acredita que as companhias, mesmo com um cenário macroeconômico adverso, têm boas oportunidades pela frente. Segundo ele, as companhias deveriam procurar estratégias de diversificação no que diz respeito aos investidores com quem se relacionam.

Aí entra, por exemplo a emissão de recibos de ações na bolsa americana (os ADRs). Embora o momento seja de baixo apetite por ADRs de empresas brasileiras, na visão de Silva, as empresas também se retraíram quanto às intenções de emitir papéis no exterior. Contudo, ele observa que o momento para ofertas públicas nos Estados Unidos está favorável. “O mercado está muito forte”, observa. “Empresas chinesas, por exemplo, abriram capital com 100% das ações emitidas no mercado americano.”

Segundo Silva, as empresas brasileiras devem buscar investir em novas tecnologias, inovação e evolução contínuas e melhores práticas de negócios, justamente para mostrar a investidores estrangeiros seu potencial. “Essas empresas podem acessar o mercado de ações no exterior e apresentar seu negócio a investidores diferentes daqueles aos quais já estão acostumadas, diversificando assim suas possibilidades”, observa.

Perfil

De acordo com o levantamento do BNY, o tipo de grande investidor que tem mostrado mais interesse no mercado brasileiro é o interessado em empresas em fase de crescimento acelerado, ou então os que investem usando a estratégia de valor.

São investidores que aplicam nas empresas e atuam junto à administração, ajudando a companhia a liberar valor em potencial. “Isso mostra que os estrangeiros estão enxergando um futuro promissor para as empresas brasileiras”, diz Silva.

Além disso, a pesquisa mostra que os investidores não veem grandes barreiras de entrada no mercado brasileiro, a não ser a questão de liquidez de alguns papéis.

No radar

Segundo Silva, há um grupo grande de empresas brasileiras – que “chega às dezenas” – que já têm ADRs emitidos e que pretendem acessar mais investidores. Nesse grupo estão também empresas interessadas em fazer uma primeira emissão dos recibos de ações “para alcançar os investidores que já tem o Brasil no radar”.

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