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Estrangeiros devem impulsionar Ibovespa para os 150 mil pontos, diz head do Scotiabank Brasil

Michel Frankfurt explica em entrevista ao Vozes do Mercado por que está otimista com a bolsa brasileira; banco é um dos maiores do Canadá e tem valor de mercado equivalente ao do Itaú

Michel Frankfurt, head da corretora de ações do Scotiabank Brasil: "Ibovespa deve ir aos 150 mil pontos" (Scotiabank/Divulgação)

Michel Frankfurt, head da corretora de ações do Scotiabank Brasil: "Ibovespa deve ir aos 150 mil pontos" (Scotiabank/Divulgação)

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 15h10.

Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 16h59.

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O saldo de investidores estrangeiros na B3 está positivo em R$ 16,7 bilhões neste semestre, e esse volume tende a aumentar até o fim do ano, impulsionando o Ibovespa para os 150 mil pontos — uma marca inédita para o índice. Apesar da alta da Selic prevista para as próximas reuniões, a queda dos juros americanos deve dar fôlego para o fluxo gringo na bolsa brasileira. Essa é a avaliação de Michel Frankfurt, head da corretora de ações do Scotiabank Brasil.

O Scotiabank é um dos maiores bancos do Canadá, com CAD 364 bilhões sob gestão (aproximadamente US$ 267 bilhões) e um valor de mercado equivalente ao do Itaú. Frankfurt está há nove anos no banco, onde começou como trader de renda fixa, após passagens por outros bancos internacionais, como Rabobank e Dresdner.

"O Ibovespa pode atingir os 150 mil pontos por uma questão de realocação", afirmou Frankfurt em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest. Ele defende que o Brasil está bem posicionado para atrair capital estrangeiro, considerando os múltiplos depreciados e a deterioração da percepção de risco sobre o México.

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“O México era o queridinho do mercado, com a tese de nearshoring e a proximidade com os Estados Unidos. No entanto, as dificuldades com o nearshoring e os desafios trazidos pela eleição mexicana mudaram esse cenário. O que está precificado no México não reflete a realidade [por estar caro demais], enquanto no Brasil, o cenário é o oposto: ainda está muito barato", explicou.

Frankfurt vê o início dos cortes de juros nos Estados Unidos como um catalisador para a entrada de estrangeiros no Brasil. A expectativa do mercado é que o Federal Reserve reduza a taxa em 25 a 50 pontos-base na próxima reunião de política monetária, que ocorre na semana que vem.

"Temos uma situação muito atrativa, com ações bastante depreciadas. O Brasil foi deixado de lado pelo mercado, o que abre espaço para os fundos aumentarem sua exposição aqui. Ao mesmo tempo, haverá mais liquidez internacional. Há uma grande chance de a bolsa brasileira se destacar, tanto em termos nominais quanto em comparação a outros países", disse Frankfurt.

Esse crescente interesse pelo Brasil já tem sido demonstrado por seus próprios clientes estrangeiros, comentou. “Um cliente que não visitava o Brasil desde 2018 para falar com empresas finalmente voltou. Apenas o fato de ele avaliar investimentos aqui já é um sinal muito positivo."

Risco China e efeito Petrobras

O risco para a bolsa brasileira, segundo Frankfurt, é o impacto da China e suas consequências para as ações da Vale, que possui o segundo maior peso no Ibovespa.

"Sempre foi difícil entender o que está acontecendo na China, e agora está ainda mais complicado. O que sabemos são os pontos negativos. A tendência é de uma queda na demanda chinesa por aço, o que afeta o preço do minério. Contudo, há outras ações na bolsa, muito depreciadas, que podem ajudar o Ibovespa", explicou.

Entre essas ações, Frankfurt destacou os papéis da Petrobras. “Existe uma Petrobras antes e depois do pré-sal: a empresa mudou de patamar. Ela passou por diversos processos para aprimorar sua governança e, hoje, conta com mecanismos de defesa que não existiam antes. O risco/retorno é muito atrativo, pois a empresa gera um caixa extraordinário e não tem onde alocar esse capital."

“A Petrobras está muito bem estruturada, por isso está nas carteiras recomendadas de praticamente todos os analistas”, concluiu Frankfurt. "O mercado subestima a robustez da governança da Petrobras."

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