Fachada de clínica da Espaçolaser (Apex Studios/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de setembro de 2022 às 16h09.
Os acionistas da Espaçolaser receberam um novo ativo nesta segunda-feira, 5, que talvez não estejam tão familiarizados: o recibo de direito de subscrição.
Sob o ticker ESPA1, o recibo negociável em bolsa, como o próprio nome sugere, dá direito à subscrição das ações que serão emitidas pela companhia no início de outubro no aumento de capital privado que foi anunciado na semana passada.
A rede de clínicas de depilação a laser pretende levantar entre R$ 85 milhões e R$ 225 milhões, sendo a emissão de 44.270.834 ações para o valor mínimo e 117.187.500 ações para o máximo. Caso saia no teto da banda, a oferta pode elevar o valor de mercado da companhia em cerca de 40%, de R$ 545 milhões para R$ 770 milhões. É sobre essas novas ações que o ESPA1 dará direito. A empresa, que entrou na bolsa em fevereiro de 2021, tem cerca de 25.000 acionistas, segundo informações mais recentes, de abril deste ano.
Diferentemente de um follow-on, em que a oferta é pública, esta será destinada inicialmente somente aos acionistas, para que não tenham suas respectivas participações diluídas. Outra diferença é que o preço das novas ações é estabelecido com semanas de antecedência. Cada uma, nesse caso, sairá a R$ 1,92, 8,57% abaixo da cotação do último fechamento, quando encerraram a R$ 2,10.
Investidores receberam nesta segunda 0,4798 ESPA1 para cada ação ordinária ESPA3 que o investidor detinha sexta-feira, 2 -- data de corte para o recebimento dos recibos.
A entrega dos recibos envolveu todos os acionistas, inclusive os que estavam com os papéis alugados sob condição de doador (que receberá as ações de volta no fim da operação).
O período para realizar a reserva para a oferta vai desta segunda-feira, 5 de setembro, até o dia 3 de outubro, se realizado por meio de corretora, e até o dia 4, se por meio de um escriturador. Caso não queira exercer o direito pela ação por preço, possivelmente, abaixo do praticado pelo mercado, o acionista da Espaçolaser ainda poderá vender a ESPA1 antes da oferta, cedendo seu direito a outro investidor.
Quanto maior a cotação da ESPA3 na bolsa em relação ao preço definido para a emissão, mais valiosos tendem a ser os recibos de direito de subscrição. Isso porque o ESPA1 tende a refletir justamente a diferença entre o preço definido para a oferta e o praticado pelo mercado.
Mas nem sempre a relação é perfeita, o que pode abrir oportunidades para arbitragem. Na tarde desta segunda, por exemplo, as ações ordinárias da Espaçolaser ESPA3 eram negociadas a R$ 2,16, enquanto o ESPA1, a R$ 0,22. A diferença de R$ 1,94, R$ 0,02 acima do preço da oferta), indica maior atratividade dos recibos em relação à ação, abrindo espaço para uma operação long and short.
Esta, no entanto, não é a única forma de o investidor tirar proveito da operação da Espaçolaser. João Lucas Tonello, analista gráfico da Benndorf Research, explicou o recebimento do ESPA1 abriu duas grandes oportunidades para os acionistas da Espaçolaser.
O mais óbvio, explicou Tonello, é o de exercer o direito de subscrição a R$ 1,92 por ação. O risco, nesse caso, seria o da desvalorização do papel até o momento da oferta, o que reduziria o prêmio em relação ao preço da emissão.
Outra opção, disse o analista, é vender o ESPA1 e embolsar o dinheiro recebido, cedendo, assim, o direito de comprar a ação por R$ 1,92 na oferta. "Muitos acionistas receberam o ESPA1 na carteira e não sabem o que fazer. O que não pode é deixar passar, sendo que ele pode vender e ficar com o prêmio [pago pelo recibo] ou ter exercido o direito e vendido mais caro no mercado", afirmou Tonello.
"Fazer nada" na oferta, afirmou Tonello, será a melhor alternativa somente se o preço da ação no mercado estiver sendo negociada abaixo do preço estabelecido para a oferta de R$ 1,92. "Nesse caso, valeria mais a pena comprar a ação diretamente no mercado."
O acionista que não adquirir nenhuma ação na oferta terá participação diluída em 15,34% a 32,42%, dependendo do volume da emissão.
O aumento de Capital, segundo a companhia, visa a desalavancagem da companhia, fortalecimento da estrutura de capital e da posição em caixa. A dívida líquida da Espaçolaser era de R$ 792,895 milhões no fim do segundo trimestre, o equivalente a 4,23 vezes o Ebitda acumulado nos 12 meses anteriores.
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