Petrobras: segundo a Fitch, alta da produção é necessária para que estatal mantenha seus ratings (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 15h46.
São Paulo - As recentes acusações sobre um escândalo de corrupção envolvendo contratos da Petrobras podem afetar a qualidade de crédito da petroleira, à medida que prejudicarem o crescimento da produção, dificultarem seu acesso aos mercados de dívida e gerarem eventual punições à empresa, segundo avaliação da Fitch.
A produção é importante porque bons resultados ajudam a impulsionar o fluxo de caixa e a reduzir a alavancagem da Petrobras, enquanto o acesso aos mercados de capitais também é fundamental no médio prazo, visto que a empresa depende deles para financiar investimentos e rolar dívidas, comentou a agência de classificação de risco.
Segundo a Fitch, o aumento da produção é necessário para que a Petrobras mantenha seus ratings.
As notas de crédito atuais pressupõem que a empresa elevará sua produção de 2,78 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia a 3,5 milhões de BOE por dia até 2018.
A meta da Petrobras para 2018 é chegar a 3,9 milhões de BOE por dia.
A produção futura da Petrobras depende da incorporação de 37 novas instalações entre 2013 e 2018, disse a agência, acrescentando que os ratings da empresa levam em consideração um atraso de seis meses nas entregas de projetos futuros.
"Cada atraso adicional de seis meses reduz a estimativa para 2018 em cerca de 300 mil BOE por dia e um atraso médio de 12 a 18 meses pode levar ao rebaixamento dos ratings", explicou a Fitch.
Os investimentos (capex) da Petrobras são rígidos no curto prazo e pressionarão seus ratings se o fluxo de caixa não evoluir ou se a empresa continuar emitindo dívida para financiar essas despesas, de acordo com a Fitch.
O volume de investimentos para o período de 2014 a 2018 está projetado em US$ 207 bilhões a US$ 221 bilhões, US$ 176 bilhões dos quais já estão comprometidos e sendo implementados.
No início do ano, cerca de US$ 45 bilhões ainda estavam passando por licitação ou sendo avaliados para projetos previstos para 2017 e 2018.
A qualidade de crédito da Petrobras também poderá se deteriorar se a empresa não ajustar os preços domésticos de modo a refletir as variações cambiais e as oscilações nos preços internacionais do petróleo, disse a Fitch.
Se o Brent (referência de petróleo negociado em Londres) recuar e se mantiver abaixo de US$ 65,00 por barril, os ratings da petroleira ficarão pressionados, afirmou a agência.
Nesta tarde, o Brent para entrega em janeiro operava acima de US$ 71,00 por barril.