Nicola Cotugno, CEO da Enel no Brasil (Enel/Exame)
O vento e o sol que tanto castigaram o sertão do Piauí, se tornaram uma das maiores riquezas do local. Uma mudança radical que foi possível graças à energia eólica, que alimenta as turbinas instaladas em Lagoa dos Ventos. O maior parque eólico da América do Sul, construído pela Enel Green Power Brasil.
A divisão de geração renovável da Enel Brasil, empresa italiana líder do setor, já construiu 302 torres eólicas em Lagoa dos Ventos, localizada no município de Dom Inocêncio (PI), e agora está realizando a segunda expansão do complexo, investindo cerca de R$ 2,5 bilhões na obra, com previsão de entrada em função entre o final de 2023 e início de 2024. A construção do parque eólico começou em 2018 e teve um custo de cerca de R$ 9 bilhões.
"A primeira ampliação do complexo eólico Lagoa dos Ventos, iniciada em 2020, já está parcialmente em operação e a expectativa é de que esteja 100% concluída até o fim do ano. Atualmente, o complexo produz cerca de 1 GW. Quando a expansão terminar, a capacidade instalada será superior a 1,5 GW", explica Nicola Cotugno, CEO da Enel Brasil.
Na expansão serão acrescentados outros 70 aerogeradores, que levarão a capacidade de geração de Lagoa dos Ventos para 6,7 TWh por ano, representando cerca de 1,6% de toda a energia produzida no Brasil. "Para ter uma ideia, graças a nossa planta, mais de 3,6 milhões de toneladas de CO2 não serão despejadas na atmosfera a cada ano", diz Cotugno.
O parque eólico da Enel utiliza aerogeradores da GE Renewable Energy, e com as novas torres utilizará também máquinas da Nordex, com pás eólicas da Aeris (AERI3).
Atualmente, o Grupo Enel possui no Brasil uma capacidade total instalada de energia renovável superior a 4,9 GW, dos quais mais de 2,4 GW são de fonte eólica, cerca de 1,2 GW são de fonte solar e cerca de 1,3 GW de hidro.
Segundo Cotugno, "o Brasil tem o potencial de construir uma matriz energética renovável, cuja base principal seja eólica e solar, graças a seu território imenso, ventos regulares e sol abundante". "O país tem um potencial imenso. Pode chegar a ter uma geração de energia 100% renovável, sem riscos de racionamento e sem ter de utilizar combustíveis fósseis. E tudo apenas com investimentos em terra, com gastos muito menores do que plantas eólicas instaladas no meio do mar", explica o executivo, "Sem contar a rapidez da construção. Em cerca de 15 meses construímos um parque eólico que produz 400 MW, enquanto construir uma central térmica ou uma planta eólica offshore demora muito mais tempo. Sem contar uma central nuclear, que demora 15 anos. Por isso, para a Enel o futuro é menos de dois anos".
O parque de Lagoa dos Ventos tem uma dimensão total superior às áreas das cidades de Recife e Fortaleza juntas. Com um projeto dessa dimensão, a Enel Green Power investiu em tecnologia para otimizar a gestão da planta e a produção de energia. Por exemplo, drones são utilizados para levantamento topográfico, rastreamento inteligente de componentes de turbinas eólicas e plataformas digitais e soluções de software para monitorar e apoiar remotamente as atividades nos canteiros de obra, além de ferramentas de projeção e acompanhamento da obra em 3D, 4D e 5D
"Além disso, a planta poderá aumentar ainda mais sua produção de energia, se tornando um parque 'híbrido', com a instalação de painéis solares entre as torres eólicas. Algo que a Enel já faz em outros locais, e que poderia ocorrer aqui também", explica Bruno Riga, Responsável pela Enel Green Power no Brasil. "Pretendemos aproveitar ao máximo as sinergias geradas por nossa longa presença na região para colocarmos este novo parque em operação quanto antes e seguirmos contribuindo para a diversificação da matriz energética do país, disponibilizando uma energia limpa, confiável e economicamente competitiva”.
O projeto de Lagoa dos Ventos não apenas beneficia o Brasil, produzindo energia e reduzindo a emissão de CO2, mas tem recaídas positivas no estado do Piauí — graças aos royalties pagos ao governo local — e nas comunidades rurais localizadas próximas da planta. Centenas de trabalhadores rurais conseguiram não apenas um emprego na planta eólica, mas mas também se profissionalizaram graças a cursos organizados internamente pela própria empresa, aumentando a renda familiar da região.
Além disso, Enel desenvolveu uma política própria de Criação de Valor Compartilhado (CSV) na base da qual leva adiante desde o início da construção do complexo eólico diversas ações de Sustentabilidade. Graças ao diálogo permanente com a comunidade local, foram desenvolvidos mais de 75 projetos de educação ambiental, cidadania, saúde, diversidade, cultura e formação profissional, com cerca de 80 mil beneficiados.
O repórter viajou para Lagoa dos Ventos (PI) a convite da Enel Green Power Brasil