Bovespa: em alguns casos, a opção mais indicada para a empresa não é a abertura de capital, observa Souza (BM&FBovespa/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 16h34.
Pelo menos três empresas estão em estágios avançados de negociação para lançar seus papéis no Bovespa Mais, mercado de acesso da Bovespa. A informação é de Carlos Arnaldo Borges de Souza, presidente do Conselho de Administração da corretora Planner.
A corretora aderiu recentemente ao PAC-PME, proposta de empresas e participantes do mercado para incentivar a abertura de capital de empresas pequenas e médias na bolsa. Além de apoiar o plano, a Planner se comprometeu a preparar relatórios de análise e acompanhar as ações das empresas de menor porte que vierem a mercado.
Souza lembra que a corretora já apoiava o movimento por meio da entidade de classe, a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord). A Planner participa de um grupo de corretoras que busca incentivar as empresas a entrarem no Bovespa Mais, mercado de acesso da BM&FBovespa. “Por meio do programa, as empresas menores têm acesso a consultores, conselheiros e especialistas de mercado que podem ajudar”, diz.
Em alguns casos, a opção mais indicada para a empresa não é a abertura de capital, observa Souza. Algumas vezes, a empresa está na fase de receber um sócio estratégico, um fundo de private equity, lembra. Assim, o mercado de acesso poderia vir numa fase posterior.
A tendência é que o Bovespa Mais cresça, com o apoio dos fundos de pensão, do BNDES e da própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Sobre o perfil dos interessados em entrar no mercado de acesso, Souza vê uma presença maior de empresas de tecnologia, até pela característica do negócio e pela necessidade de alavancagem, como foi o caso recente da Senior Solution. “O mais importante é a capacidade da empresa de crescer e até que ponto ela se beneficiará da captação no mercado de capitais”, diz.
O executivo vê um pano de fundo positivo para a bolsa, com a melhora da economia americana e a Europa um pouco mais estabilizada. Já no Brasil, há algumas preocupações, como a alta resistente da inflação e as medidas pontuais tomadas pelo governo, nem sempre bem avaliadas. “Essas mudanças de regras tiram um pouco o apetite do investidor estrangeiro”, observa.
Para ele, não chega a existir uma crise de confiança dos estrangeiros, mas sim uma crise de entendimento do que o governo está tentando fazer. “Se o governo conseguir passar uma ideia de regras estáveis, o investidor voltará, e logo”, diz. Ele dá o exemplo de Petrobras e Vale, cujos preços das ações estão muito baixos, mas dependem de sinais do governo de estabilidade nas regras para se recuperar.