(Washington Alves/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de março de 2022 às 19h34.
Última atualização em 3 de março de 2022 às 19h52.
Empresas brasileiras distribuíram dividendos em valor recorde em 2021, puxadas pela Vale, oitava maior pagadora do mundo, após surfar a disparada dos preços do minério do ferro, segundo relatório da gestora Janus Henderson Investors.
Empresas do país distribuíram um total de US$ 25,4 bilhões em dividendos em 2021, ante US$ 9,4 bilhões no ano anterior. O valor foi o terceiro maior entre os emergentes, atrás de China e Rússia. O Brasil representou mais da metade do crescimento nos mercados em desenvolvimento, que somaram US$ 164,4 bilhões em 2021, também recorde.
Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso.
Do total distribuído no Brasil, quase metade, ou US$ 12,4 bilhões, veio da Vale. O número foi o segundo maior valor pago por uma empresa de mineração a nível mundial, tendo sendo batida apenas pela BHP, destaca o relatório.
O levantamento é realizado em bases trimestrais e anuais e rastreia os dividendos das 1,2 mil maiores empresas em termos de valor de mercado no mundo. Os dividendos são registrados em dólares, o que também embute um efeito cambial, e são incluídos com base na data de pagamento.
A presença da Vale no 'Top 10' de maiores pagadoras segue tendência vista em todo o mundo, já que as mineradoras, junto com os bancos, foram os maiores impulsionadores do crescimento no valor recorde de dividendos globais distribuídos em 2021.
A Vale anunciou a retomada de sua política de dividendos em julho de 2020, após interrupção por cerca de um ano e meio, na sequência do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG), em 2019, que matou mais de 250 pessoas.
Mas o cenário para 2022 no setor é incerto. "Os preços do minério de ferro são um fator importante e, apesar de terem se recuperado de uma desvalorização, estão num ponto mais baixo do que estiveram durante a maior parte de 2021", diz o relatório.
O levantamento também destaca a Petrobras como grande impulsionadora do crescimento dos dividendos no país em 2021, com US$ 7,7 bilhões distribuídos.
Entre os bancos, o Banco do Brasil, com US$ 1,19 bilhão distribuído, e o Bradesco, com US$ 1,15 bilhão, puxaram a fila.
O único setor do país a reportar dividendos mais baixos foi o de bebidas, dado o corte feito pela Ambev, de US$ 1,2 bilhão em 2020 para US$ 223 milhões em 2021.
Sobre os potenciais impactos da guerra na Ucrânia nos dividendos, Ignacio de la Maza, que comanda a área de América Latina na Janus Henderson, disse que isso vai "variar de acordo com o setor e a empresa, sendo alguns mais impactados do que outros por sanções e aumento dos preços dos insumos".
Os dividendos globais tiveram valor recorde de US$ 1,47 trilhão em 2021, alta nominal de 16,8% ante 2020. Quando ajustados de dividendos extraordinários, variação cambial, efeitos temporais e alterações de índices, a alta foi de 14,7%.
Mais de um quarto do aumento atual veio das empresas de mineração, por causa da forte subida dos preços das commodities. A BHP se tornou a empresa com dividendos mais elevados no mundo, com Rio Tinto na terceira colocação e Fortescue, na décima.
A retomada da distribuição de benefícios por empresas que tinham interrompido suas políticas em 2020 devido à pandemia ajudou a impulsionar os números, como no caso de bancos.
A Janus Henderson projeta US$ 1,52 trilhão em dividendos globais em 2022, o que seria um novo recorde, ajudada por expectativa de crescimento nos números das petrolíferas.