As empresas brasileiras atraem investidores estrangeiros em busca de títulos com rendimentos mais altos ligados a moedas de países com taxa de crescimento mais alta (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2011 às 09h01.
Rio de Janeiro - As empresas brasileiras estão aproveitando a crescente demanda por títulos de rendimentos mais elevados entre os investidores estrangeiros para vender papéis denominados em real no mercado internacional.
As vendas de títulos internacionais por empresas brasileiras aumentaram 46 por cento este ano para US$ 48,1 bilhões, de US$ 33 bilhões no mesmo período do ano passado, segundo dados da Bloomberg. As vendas de títulos internacionais de dívida corporativa aumentaram 7 por cento para US$ 2,5 trilhões.
Os custos dos empréstimos perto de zero nos Estados Unidos e na Europa, combinados com a alta de 44 por cento do real em relação ao dólar desde o final de 2008 e as altas taxas de juros brasileiras têm atraído investidores em busca de melhores retornos, disse Eduardo Freitas, chefe de mercados de capital de renda fixa do Citigroup Inc. no Brasil.
“No mercado global hoje tem uma demanda bastante razoável por dívida em moeda local de certos países emergentes porque tem maior rendimento e essas economias vão continuar crescendo”, Freitas disse em uma entrevista por telefone de São Paulo em 18 de agosto.
As empresas brasileiras estão atraindo investidores estrangeiros em busca de títulos com rendimentos mais altos ligados a moedas de países com taxa de crescimento acima do de países desenvolvidos. A taxa de juros real no Brasil está atualmente em 5,63 por cento, ou a diferença entre a taxa de referência Selic de 12,5 por cento e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, de 6,78 por cento.
Juros mais baixos
Para emissores locais, captar com títulos no exterior oferece a possibilidade de conseguir financiamento com juros mais baixos do que o custo de emitir dívida no mercado doméstico, disse Freitas.
A Arcos Dorados Holdings Inc, operadora dos restaurantes da McDonald’s Corp. na América Latina, sediada em Buenos Aires, vendeu R$ 400 milhões em títulos de cinco anos nos mercados internacionais em julho.
A queda de 22 por cento no Ibovespa este ano desacelerou a recuperação nos títulos de dívida corporativa, à medida que as perdas com ações começam a minar a confiança dos investidores em papéis de algumas empresas brasileiras, segundo Omar Zeolla, analista do RBS Securities Inc.
A queda de 40 por cento das ações do frigorífico Marfrig Alimentos SA no período de três dias levou os investidores a vender os títulos da empresa com vencimento em 2016, o que resultou num disparo nos rendimentos de 217 pontos-base nas primeiras duas semanas de agosto, para 10,53 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.