Empresários mais otimistas com o endividamento até o final do ano, mostra Boa Vista SCPC (Pixabay/Reprodução)
Os empresários brasileiros estão mais otimistas sobre o nível de endividamento em 2022. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Boa Vista SCPC (BOAS3) e divulgada com exclusividade pela EXAME Invest.
Segundo a Boa Vista, o número de empresários que acreditam que o nível de endividamento vai permanecer estável passou de 28% no terceiro trimestre de 2021 para 41% no terceiro trimestre deste ano. Na comparação trimestral também foi registrado um aumento, com 27% dos entrevistados que acreditavam em uma estabilidade no segundo trimestre de 2022 contra o 41% registrado no terceiro trimestre.
O número de empresários que acreditam em um aumento do endividamento diminuiu, passando de 23% no terceiro trimestre de 2021 para 20% no terceiro trimestre deste ano.
Todavia, o número de empresários que acreditam em uma diminuição do nível de endividamento passou de 49% no terceiro trimestre de 2021 para 39% no terceiro trimestre deste ano. No segundo trimestre de 2022 essa porcentagem era de 53%.
“A queda na parcela de empresários que acreditavam numa redução do endividamento pode estar associada a uma desaceleração já esperada para a economia. Mesmo que o endividamento não caia, os dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência das empresas tem se mantido estável, fechando o mês de junho na marca de 1,7%, quando se trata de crédito livre apenas, e está nesse nível desde março deste ano. Ela subiu em comparação ao final do ano passado, quando estava em 1,5%, mas ainda está num nível relativamente baixo. No início da pandemia, antes das taxas começarem a cair, ela chegou a ser de 2,4%, mais especificamente, em maio de 2020. Ou seja, até onde se sabe, esse endividamento não impactou significativamente a capacidade de pagamento das empresas em geral”, explica Flavio Calife, economista da Boa Vista.
Em relação ao faturamento das empresas em 2022, a maioria dos empresários mantém o otimismo, até superior ao ano passado.
Segundo a Boa Vista, 68% dos entrevistados ainda esperam aumento do faturamento, um número maior do que registrado no mesmo período de 2021, quando foi de 60%. Todavia, é uma porcentagem menor do que no segundo trimestre do ano, quando foi de 74%.
Outros 19% dos empresários entrevistados esperam estabilidade, contra 13% no trimestre anterior e 24% no terceiro trimestre de 2021, e os 13% restantes creem em queda no faturamento, mesmo número do trimestre anterior, contra 16% no mesmo período do ano passado.
A pesquisa da Boa Vista aponta ainda que 58% dos empresários consultados pretendem aumentar os investimentos em seus negócios até o fim de 2022. No trimestre anterior, essa porcentagem era de 68%, e no terceiro trimestre de 2021 era de apenas 56%.
Entre os empresários que planejam aumentar os investimentos ainda esse ano, 68% vai investir em produtos e serviços, para aumentá-los até o fim de 2022. Em segundo lugar, com 64%, estão os investimentos em tecnologia, e em terceiro, com 64%, a capacitação de mão de obra.
Entre as razões que os levam a querer aumentar os investimentos, a maioria empresários aponta a alta da demanda de seus produtos ou serviços como principal motivo. Em segundo lugar, está a percepção de boas perspectivas econômicas e políticas para esse ano.
Já entre os que responderam que vão diminuir os investimentos em 2022, a maioria aponta a crise econômica mundial como a primeira explicação, e o reflexo da alta da inflação e dos preços como o segundo motivo.
A pesquisa da Boa Vista mostra um aumento da intenção de demanda por crédito na comparação com o último trimestre. Entre os empresários entrevistados, 61% afirmaram que buscarão crédito no mercado, contra 41% do mesmo trimestre do ano passado, enquanto 39% não buscarão crédito, contra 54% do mesmo período de 2021.
Uma porcentagem relevante, considerando a forte alta das taxas básicas de juro (Selic) nos últimos 12 meses.
Entre quem vai solicitar crédito, 61% o farão para realizar investimentos, contra 56% do segundo trimestre deste ano, enquanto outros 22% vão solicitar crédito para garantir o capital de giro, contra 27% no trimestre anterior, e 17% usarão o crédito para o pagamento de dívidas já assumidas, mesmo número do trimestre imediatamente anterior.
Do empresários entrevistados pela Boa Vista SCPC, 62% acreditam que pagarão taxas de juro mais elevadas em comparação ao ano de 2021, mesmo patamar do segundo trimestre de 2022, enquanto 12% esperam contratar crédito e pagar uma taxa de juro igual à praticada no ano de 2021, ante 10% no trimestre passado, e 26% acreditam que conseguirão pagar taxas de juro menores, ante 28% no segundo trimestre de 2022.