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Emprego ou inflação? Na decisão do Fed, mercado busca pistas de balanço de riscos sob Trump

Autoridade monetária deve manter juros, mas investidores buscam sinalizações sobre próximos passos, com tarifas ameaçando atividade, mas pesando mais sobre os preços

Powell: Banco Central americano vem passando a mensagem de que não tem pressa para cortar juros (Alex Wong/Getty Images)

Powell: Banco Central americano vem passando a mensagem de que não tem pressa para cortar juros (Alex Wong/Getty Images)

Publicado em 19 de março de 2025 às 06h03.

O mercado todo está de olho hoje na decisão da reunião do Federal Reserve (Fed), a respeito das taxas de juros americanas, que será divulgada às 15h30 (horário de Brasília).

Assim como no caso do Copom, nesta Super Quarta, a dúvida não é sobre a direção das taxas neste momento. Após inúmeras sinalizações dos Fed Boys nas últimas semanas de que a economia “está num bom lugar” e de que não há pressa nenhuma para cortar juros, o consenso aposta numa manutenção.

A grande questão é que acontece daqui para a frente e o que o Fed e seu presidente Jerome Powell vão trazer no comunicado.

As ameaças tarifárias de Donald Trump, bem como o vai-e-vem nas suas declarações, tem trazido muita incerteza ao mercado e pressionado o mercado acionário e de dívida nos Estados Unidos.

E suas implicações podem efeitos contraditórios para o mandato do Fed: desaceleração da atividade econômica e do mercado de trabalho (o que chamaria por novos cortes de juros), acompanhada de aumento da inflação (o que demandaria aumento ou aumento estabilidade nas taxas).

“Vamos ouvir a mensagem que as coisas ainda estão relativamente bem, e que a política [monetária] está num bom lugar no qual o Fed pode reagir em qualquer direção – seja a inflação persisitentemente mais alta ou um desaquecimento mais pronunciado da economia”, disse Sarah House, economista da Wells Fargo &Co à Bloomberg.

“Mas o eu gostaria de ter mais clareza é sobre como o Fed está pesando os dois lados do seu mandato”, resume.

Dois ou três cortes?

Com sinais de desaceleração da economia americana mais acentuados que o esperado, o mercado financeiro já aposta numa chance maior de três cortes de juros neste ano,com o primeiro começando em junho.

Os economistas, por sua vez, ainda seguem com a previsão de dois cortes a partir de setembro, que tinha sido sinalizada pelo Fed na última reunião.

A atividade econômica dos EUA já mostra sinais de enfraquecimento. Após uma expansão de 2,8% em 2024, projeções indicam uma desaceleração em 2025.

As incertezas sobre as tarifas também já se refletem no índice de confiança do consumidor, que despencou em fevereiro, registrando a maior queda mensal em quase quatro anos, segundo a Conference Board. O índice caiu de 105,3 em janeiro para 98,3, bem abaixo da projeção de 103 dos analistas.

Mas os dados do mercado de trabalho ainda estão robustos, ainda que com uma perda de fôlego na margem.

A inflação, por outro lado, segue está pressionada. Apesar de os preços ao consumidor terem crescido a um ritmo menor em fevereiro e o índice de preços ao produtor ter ficado estável, os componentes que alimentam a medida preferida de inflação do Fed – o núcleo do PCE, ou Personal Consumption Expenditures Index – continuam subindo.

As expectativas de inflação para o longo prazo, acompanhadas de perto pelo banco central, cresceram pelo terceiro mês consecutivo para um recorde em mais de três décadas.

Fora os desafios econômicos, muitos investidores estão inseguros sobre a qualidade dos dados disponíveis para o Fed. Isso porque, no final de fevereiro, o Departamento de Comércio dos EUA dissolveu dois comitês consultivos estatísticos essenciais para a formulação de dados econômicos, incluindo o PIB e o principal indicador de inflação usado pelo Fed.

Fazer o pouso suave da economia americana parecia o maior desafio de Jerome Powell. Mas, ao que tudo indica, navegar na incerteza de Trump é pelo que ele vai ser lembrado nos livros de História.

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