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Empresas alvo de estrangeiros devem se destacar no ano, diz Nova Futura

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora com maior retorno no ranking EXAME de carteiras de ações em 2020, explica estratégia em ano de crise

A projeção da Nova Futura Investimentos é que o Ibovespa alcance os 135 mil pontos ao fim do ano (Germano Lüders/Exame)

A projeção da Nova Futura Investimentos é que o Ibovespa alcance os 135 mil pontos ao fim do ano (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 08h02.

Impulsionado pelo otimismo externo e pela retomada , o Ibovespa tem renovado os recordes diários. Na última sexta-feira, 8, o principal índice da bolsa brasileira, alcançou a pontuação máxima de 125.076 pontos. A expectativa do mercado é um cenário de bull market.

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Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, projeta que o Ibovespa deva alcançar a marca de 135 mil pontos até o final do ano. “Acredito que para o primeiro semestre, pelo menos, teremos um mundo operando a reflation trade, inspirado na vitória de Joe Biden nos EUA.  Países emergentes como o Brasil se beneficiarão de fluxos generosos de capitais.” O economista foi o responsável pela carteira de ações montada pela corretora que obteve a maior rentabilidade em 2020 no ranking organizado pela EXAME em 2020.

Silveira se mostra otimista com o novo governo americano, com os estímulos fiscais e com a escolha de Janet Yellen como próxima secretária do Tesouro americano. “Teremos gente séria, novamente.” O economista diz ainda que o mercado global está complacente com o endividamento em geral e deve se manter assim por um bom tempo. No caso do Brasil, apesar dos riscos fiscal e do não andamento das reformas esperadas pelos investidores, ele destaca que ajustes mais fortes, quando vierem, serão sentidos no juro e no dólar.

Em relação à moeda americana, ele afirma que deverá continuar a se desvalorizar contra as demais moedas, tanto dos países avançados como dos principais mercados emergentes. “Entretanto, o Brasil tem suas idiossincrasias, que tornam a projeção do dólar para o final do ano muito difícil.”

Já sobre o juro e a possibilidade de aumento na taxa Selic, Silveira acredita que não subirá tanto a ponto de tirar os novos investidores na bolsa ou reduzir o número de entrantes.

“O brasileiro está condenado a entrar no mercado de capitais, já que os juros não devem subir tanto. Tenho uma visão muito conservadora para a recuperação brasileira em 2021/22. O espaço para o BC subir o juro continuará contido pelo hiato do produto, que continuará elevado pelo menos até 2024. A alta que espero já está precificada pelo mercado nos juros mais longo e, portanto, não deve trazer muitos problemas para o "valuation" do Ibovespa nem para o fluxo de investidores.”

Carteira vencedora 

A carteira de ações da Nova Futura obteve o melhor desempenho no ranking EXAME, com valorização acumulada de 37,50% de janeiro a dezembro de 2020 – superando com folga os 2,92% do Ibovespa no período. No ano passado, 18 corretoras participaram do ranking. Foi a terceira vitória consecutiva da corretora. Em entrevista, Pedro Paulo Silveira detalhou a estratégia. Veja abaixo.

Qual foi a estratégia adotada para ter uma carteira com tal rendimento?

A nossa carteira é fundamentalista e baseada no cenário macroeconômico, tanto do cenário externo como interno. Se temos um cenário prospectivo com maior risco à frente, procuramos uma alocação mais conservadora, com um beta menor (mais próximo ou menor que 1; o beta mede a relação do ativo com o risco de mercado).

Se o cenário à frente é mais promissor, procuramos um beta maior. A carteira fica mais conservadora ou mais arrojada em razão de nosso cenário prospectivo. Em nossa estratégia, o objetivo é gerar um retorno superior ao Ibovespa ao longo do tempo. É uma metodologia fundamentalista, que parte do macro e depois escolhe as empresas por setor, com base em seus indicadores e perspectivas.

A carteira escolhe ações de empresas mid cap e large cap que são resistentes ao ciclo econômico e que têm liquidez. Qual a importência de ter na carteira papéis com bastante liquidez?

Empresas mid e large cap são mais resistentes aos ciclos econômicos. Como a carteira é uma opção para o longo prazo, empresas mais sólidas respondem melhor aos objetivos de geração de valor, mesmo em momentos de incerteza financeira.

A liquidez é importante porque acreditamos que nossas indicações são seguidas pelos investidores. Se indicamos a compra/venda de alguma ação, os clientes devem encontrar condições favoráveis no mercado para realizar suas posições. Papéis com liquidez baixa respondem de forma inadequada às indicações. Assim, nossas indicações não devem afetar os preços de mercado.

Diante desta estratégia, os papéis mais indicados no ano passado (Vale, Petrobras, Gerdau, Cyrela e Ambev) deverão permanecer?

Pedro Paulo Silveira - economista-chefe da Nova Futura

Economista da Nova Futura está otimista com o mercado brasileiro em 2021 (Divulgação/Divulgação)

Nossa estratégia exige que revisemos as alocações todo mês em razão dos choques que as economias recebem e que afetam os riscos percebidos. Mas a revisão da alocação nunca deve ser maior que duas ou três ações de um mês para outro (ou de um trimestre para outro). Os fundamentos, sejam os macros, sejam os micros, não mudam tanto. As grandes empresas brasileiras têm um atrativo relativo maior que as outras. São conhecidas dos investidores estrangeiros e têm uma ótima governança.

Algum setor deve se destacar em 2021? 

Não acho que sejam setores, mas perfis de empresas. Aquelas que são alvo do fluxo de estrangeiros. Este é o critério que define melhor o que vem pela frente nos próximos meses.

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