Alexandre Riccio, vice-presidente do Inter: "Alcançamos mais disciplina nas despesas e isso se converteu em resultados" (Inter/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 14 de agosto de 2023 às 08h16.
Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 09h07.
A combinação entre corte de custos, crescimento da receita e maturidade do negócio levaram o Inter (INBR31) a um resultado recorde, classificado como um “ponto de virada” pela gestão do banco. Superando as expectativas, o Inter apresentou um lucro líquido de R$ 64 milhões no segundo semestre, um avanço de 312,9% frente aos R$ 15,5 milhões apurados no mesmo período de 2022. Na comparação trimestral, a última linha do balanço avançou 165%.
O forte avanço do indicador vem na esteira da maturidade do Inter. “A empresa cresceu muito ao longo dos últimos cinco anos em um processo de se tornar um grande banco de varejo. É algo que demandava estrutura e trazia crescimento de despesas quase que paralelo às receitas. Conforme o Inter vai chegando à maturidade, alcançamos mais disciplina nas despesas e isso se converteu em resultados”, afirmou Alexandre Riccio, vice-presidente do Inter, em entrevista à EXAME Invest.
Enquanto as despesas ficaram praticamente estáveis frente ao último trimestre, as receitas seguiram em alta. As despesas totais somaram em R$ 575 milhões, alta de 3% na comparação anual e queda de 3% na trimestral. Já a receita bruta total ultrapassou R$ 1,9 bilhão, aumentando 32,7% em base anual e 7,7% na trimestral.
O índice de eficiência, que expressa a relação entre despesas e receitas do banco, caiu 9 pontos percentuais (p.p.) no trimestre, para 53% – quanto menor o índice, melhor o indicador. O objetivo do Inter é alcançar um patamar de 30% no índice nos próximos cinco anos.
O controle das despesas, segundo Riccio, envolveu uma série de fatores como melhoria de processos e eficiência, renegociação com fornecedores e corte de pessoal. O Inter começou o ano com cerca de 4 mil funcionários, e atualmente está com um quadro de 3,5 mil.
A alta das receitas, por sua vez, é atribuída à ativação da base de clientes. O banco está perto de atingir a marca de 28 milhões de clientes, com 1,5 milhão adicionados neste trimestre. A taxa de ativação, que mostra se estão gerando receita, alcançou 52,2% da base, alta de 0,7 ponto percentual no trimestre.
A ARPAC (receita média mensal por cliente ativo) foi de R$ 46 – a receita perto da estabilidade na comparação trimestral e subiu 40% frente ao mesmo período do ano passado.
Já a rentabilidade do Inter, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), subiu 2,7 pontos percentuais (p.p.) na comparação anual, para 3,6%. Frente ao último trimestre, o ROE caiu 2,2 p.p. Para além do controle das despesas, a rentabilidade é o grande foco do Inter, que este ano anunciou a meta ambiciosa de alcançar o patamar dos 30% de ROE até 2027.
A estratégia de controle financeiro vem sendo colocada em prática no Inter desde 2021, na esteira da alta global de juros que obrigou as empresas focadas em crescimento a virarem a chave em busca de rentabilidade. E, segundo Riccio, o que vinha segurando os bons frutos da tática era a inadimplência, que pegou o setor financeiro desprevenido nos últimos dois anos.
O VP diz que ainda é cedo para cravar que o pico de inadimplência já passou, mas já é possível dizer que o ponto de virada está próximo. A inadimplência acima de 90 dias subiu de 3,9% para 4,7% nos últimos 12 meses, mas o indicador ficou praticamente estável frente aos 4,6% registrados no primeiro trimestre.
Um dos pontos que pode ajudar na recuperação do indicador é o Desenrola, programa de renegociação criado pelo governo federal que entrou em vigor em julho. “Temos visto um aumento grande na procura por renegociação de dívidas – bem acima da média histórica”, disse.
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