Mercados

Em 4 anos, preço do minério cai 80% e Vale perde R$ 247 bi

Minério de ferro: o metal já respondeu por 16,3% das exportações do país, mas com a recente queda de preços a participação caiu para 7,3%


	Minério de ferro: o metal já respondeu por 16,3% das exportações do país, mas com a recente queda de preços a participação caiu para 7,3%
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Minério de ferro: o metal já respondeu por 16,3% das exportações do país, mas com a recente queda de preços a participação caiu para 7,3% (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 07h35.

Londres e Rio - Com excesso de oferta e aposta de que a demanda da China deve desacelerar ainda mais, o preço do minério de ferro recuou nesta terça-feira, 8, ao menor nível desde 2009, arrastando para baixo as ações das siderúrgicas e da mineradora Vale, que vive um inferno astral desde o rompimento de uma barragem de rejeitos de sua controlada Samarco, em Mariana (MG), há um mês.

O minério de ferro já respondeu por 16,3% das exportações brasileiras. Mas com a recente queda de preços a participação caiu para 7,3% do total.

Nesta terça-feira, 8,, a cotação recuou 0,3% e fechou a US$ 38,80 a tonelada, conforme o preço negociado no Porto de Tianjin, na China, após a divulgação de dados negativos da balança comercial chinesa.

Com isso, as ações de mineradoras e siderúrgicas afundaram nas principais bolsas do mundo.

Em São Paulo, os papéis da Vale recuaram 4,59% (ON, com direito a voto) e 5,28% (PNA, sem voto). A ação da Bradespar, que cuida dos investimentos do Bradesco e é acionista da mineradora, caiu 6,93%.

Já entre as siderúrgicas, caíram Usiminas (-5,26%), Gerdau (-5,85%) e CSN (-6,38%), ajudando o Ibovespa a recuar 1,72%.

Desde o início de 2011, quando as cotações do minério e das ações estavam no pico, a Vale perdeu R$ 247 bilhões em valor de mercado, medido pela multiplicação da cotação pelo total de ações.

Em fevereiro de 2011, a tonelada do minério chegou a ser negociada a US$ 191,70. Desde então, o preço do minério caiu 79,7%, e as ações da Vale foram junto.

Ontem, a mineradora brasileira encerrou o pregão valendo R$ 55,452 bilhões, em comparação a R$ 302,811 bilhões, na máxima de janeiro de 2011, segundo dados da consultoria Economática.

85 mil demissões

Com o minério abaixo de US$ 40, as mineradoras deflagraram seus "planos B". A anglo-sul-africana Anglo American anunciou ontem um programa de reestruturação com 85 mil demissões, venda de ativos, redução de investimentos e congelamento dos dividendos.

Agora, o projeto Minas-Rio para produção no Brasil, um dos maiores da companhia, não é mais prioritário.

Quem também pisou no freio foi a anglo-australiana Rio Tinto. A companhia anunciou que o orçamento terá novo corte nos investimentos de US$ 1,5 bilhão em dois anos. Investidores não gostaram e houve uma forte onda vendedora das ações.

Em Londres, a ação da Anglo American caiu 12,3% e a da Rio Tinto perdeu 8,4%. Outras mineradoras como a Antofagasta e BHP Billiton caíram mais de 5,0%.

Tempestade da Vale

Para o analista Pedro Galdi, do blog WhatsCall, a Vale vive uma "tempestade perfeita". Analistas da corretora especializada em commodities Investec apostam que a Vale pode ser a próxima a anunciar um plano de reação.

"A queda para o patamar de US$ 30 parece ser um ponto de inflexão. O tombo do minério ameaça os grandes produtores porque os preços se aproximam dos custos de equilíbrio", dizem os analistas.

Nesse quadro, a Vale vem reduzindo despesas administrativas, vendendo ativos que não sejam ligados às suas principais atividades, como embarcações de transporte, e modernizando minas antigas.

Ontem, a mineradora brasileira anunciou a conclusão da venda de quatro navios com capacidade de 400 mil toneladas, por US$ 423 milhões para o ICBC Financial Leasing, uma subsidiária do Banco Comercial e Industrial da China.

Rompimento das barragens

A "tempestade perfeita" descrita por Galdi soma o cenário negativo para a produção de minério de ferro com o rompimento das barragens de rejeitos da Samarco.

"Nos últimos pregões, as ações da Vale e da BHP caíram mais do que as demais mineradoras por causa da Samarco", afirmou Galdi.

A Samarco, especializada na produção de pelotas - "bolinhas" de minério usadas na siderurgia -, é controlada, meio a meio, pela Vale e pela anglo-australiana BHP.

Os analistas da Investec dizem que a queda do minério se deve à desaceleração da demanda chinesa e, ao mesmo tempo, ao aumento da oferta.

"A resposta tradicional da indústria de mineração para a queda dos preços é aumentar a produção em vez de reduzir custos. Esse comportamento só serve para aumentar a fogueira que está fora de controle." 

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasMariana (MG)MineraçãoSamarcoSiderúrgicasVale

Mais de Mercados

Lucro da Meta (META) supera previsões, mas empresa projeta alta de custos em 2025

Ação da Tesla (TSLA) sobe no after market mesmo com lucro e receita abaixo do esperado

Anúncio de novo consignado privado faz ações dos bancos caírem no Ibovespa

Fed interrompe ciclo de corte e mantém juros na faixa entre 4,25% e 4,50%