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Dow Jones chega a cair mais de 6% e tem pior dia da história

Investidores monitoraram as chances de uma aceleração na alta de juros nos EUA e a possibilidade de uma nova paralisação do governo Trump

Bolsa de Nova York: Ao longo do pregão, o Dow Jones chegou a mergulhar mais de 6%. (Brendan McDermid/Reuters)

Bolsa de Nova York: Ao longo do pregão, o Dow Jones chegou a mergulhar mais de 6%. (Brendan McDermid/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 20h18.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2018 às 06h51.

São Paulo - Os índices acionários americanos Dow Jones e S&P 500 apagaram todos os ganhos registrados neste ano ao despencarem mais de 4% nesta segunda-feira, 5, à medida que investidores monitoraram as chances de uma aceleração na alta de juros nos Estados Unidos e a possibilidade de uma nova paralisação do governo de Donald Trump.

O Dow Jones sofreu a maior perda diária em pontos da história, ao ceder 4,60%, aos 24.345,75 pontos. O S&P 500 recuou 4,10%, aos 2.648,94 pontos e o Nasdaq fechou na mínima do dia, em baixa de 3,78%, aos 6.967,53 pontos. Ao longo do pregão, o Dow Jones chegou a mergulhar mais de 6%.

A queda desenfreada das bolsas em Nova York começou na última sexta-feira, 2, quando os investidores passaram a se questionar sobre a possibilidade de uma aceleração no movimento de alta de juros nos EUA após o forte relatório de emprego do país. O item que mais chamou a atenção dos agentes foi o salário médio por hora, que subiu 0,34% na passagem de dezembro para janeiro, acima das previsões dos analistas (+0,20%). Com isso, o mercado passou a acreditar que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) poderia acelerar o ritmo de alta de juros.

Neste ano, a autoridade monetária dos Estados Unidos acredita em três elevações, mas grandes bancos como Goldman Sachs, Deutsche Bank e J.P.Morgan acreditam em quatro subidas. Na avaliação do economista sênior para EUA da Capital Economics, Michael Pearce, a sinalização otimista do Fed de que a inflação voltará a subir e o forte relatório de emprego de janeiro "adicionam peso" à visão de que o banco central pode promover quatro altas nos juros neste ano.

Desde outubro, em meio a sinalizações de que a reforma no sistema tributário dos EUA seria aprovada, os mercados acionários apresentaram fortes ganhos, fazendo com que os três principais índices renovassem sucessivos recordes de fechamento.

Somente em 2018, o Dow Jones teve dez máximas históricas, enquanto o S&P 500 apresentou 13 recordes e o Nasdaq, 12. Nesta sexta-feira, os ganhos foram devolvidos à medida que outro fator se somou à possibilidade de um Fed mais agressivo: a chance de uma nova paralisação do governo de Donald Trump.

Democratas e republicanos têm até a próxima quinta-feira, 8, para chegar a um acordo em relação à imigração. A oposição pede que jovens imigrantes levados aos EUA ainda crianças ilegalmente sejam protegidos da deportação, enquanto a situação pede a construção de um muro na fronteira com o México - o que não é bem visto pelos democratas. Em seu perfil no Twitter, Trump esbravejou e disse que "qualquer pacto que não inclua uma segurança forte na fronteira e o desesperadamente necessário muro é uma total perda de tempo".

Mais tarde, em discurso, Trump criticou os democratas e os chamou de traidores. De acordo com ele, os opositores estão votando contra os interesses dos cidadãos americanos ao se oporem ao corte de impostos e ao impedir a votação do orçamento nesta semana. Sem um acordo na imigração, os democratas prometem obstruir a votação de mais uma medida paliativa que impediria uma nova paralisação do governo. De acordo com a Oxford Economics, as chances de um "shutdown" nesta semana estão em 40%.

Para o economista sênior para EUA da S&P Global Ratings, Satyam Panday, a forte queda nas bolsas de Nova York não se baseia em mudanças nos fundamentos da economia americana, mas, sobretudo, em um movimento de correção que pode ser temporário. Para ele, não é possível saber quando a retração das bolsas vai parar.

Além disso, Panday comentou que "a volatilidade voltou à cena nos mercados, depois de ausente por muito tempo". O comentário vem após o Índice de Volatilidade da CBOE, conhecido como VIX, saltar 115,60%, aos 37,32 pontos. O indicador, que usa as opções do S&P 500 para medir as expectativas dos traders em relação às oscilações nos mercados de ações, é tido como o medidor de medo de Wall Street e atingiu o maior nível desde agosto de 2015, em uma variação diária recorde.

As bolsas em Nova York mergulharam um dia depois de comentários de Janet Yellen sobre as ações nos EUA. De acordo com ela, os preços dos papéis estavam "caros" e o sistema financeiro está em melhor forma para lidar com um grande volume de vendas do que estava durante a crise financeira de 2008.

Entre os segmentos que registraram as perdas mais fortes, destacam-se o financeiro, com o subíndice do S&P 500 em baixa de 4,99%. Entre os bancos, o papel do Bank of America despencou 5,29% e o do Wells Fargo despencou 9,22%, após uma ação do Fed que atinge o conselho diretor da instituição. Já o subíndice de energia do S&P 500 recuou 4,35%, com a Chevron em queda de 5,03% e a ExxonMobil com perda de 5,69%.

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