O giro financeiro foi de R$ 4,647 bilhões (Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2012 às 17h30.
São Paulo - O saldo líquido de emprego abaixo do esperado em agosto, de apenas 100.938 vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), fez as taxas de juros migrarem para as mínimas no meio da tarde, logo após a divulgação. Mas, aos poucos, o dado foi absorvido e o movimento de baixa no trecho intermediário e longo da curva de juros foi minimizado. Tais vencimentos já vinham em baixa devido à piora externa vista nesta quinta-feira. As taxas curtas, porém, seguem resistentes, com os investidores atribuindo pequena probabilidade de um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic em outubro, para 7,25%. A visão da maioria, de que o ciclo de afrouxamento acabou, foi reforçada pelo IPCA-15 de setembro e, antes do Caged, pela queda do desemprego para 5,3% em agosto.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 (237.620 contratos) estava na máxima de 7,30%, nivelado ao ajuste. A taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (229.355 contratos) marcava 7,80%, ante 7,84% ontem. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (125.755 contratos) indicava 9,20%, de 9,25% na véspera. O DI janeiro de 2021, com giro de 1.700 contratos, apontava 9,84%, ante 9,90% ontem.
O volume de vagas criadas em agosto ficou abaixo do piso projetado de 160 mil vagas, conforme levantamento realizado pelo AE Projeções. Ante agosto de 2011, o saldo líquido de empregos com carteira assinada foi 56,23% menor, no dado ajustado. Considerando a série do Ministério do Trabalho sem ajuste, o resultado do mês de agosto foi o pior para o mês desde 2003.
Mas, na manhã desta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a taxa de desemprego do mês passado ficou em 5,3%, no menor nível para agosto desde 2002. Mas o fato de o levantamento ficar restrito a seis regiões metropolitanas do País faz o mercado dar mais peso ao Caged.
No âmbito da inflação, a taxa de 0,48% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) em setembro, após registrar 0,39% em agosto, fortaleceu a visão da corrente de analistas que prevê a manutenção da Selic no encontro de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). O grupo Alimentação e bebidas respondeu por 0,25 ponto porcentual do índice cheio, ao avançar 1,08% na prévia da inflação oficial deste mês, de 0,76% em agosto. O indicador de difusão do IPCA-15 de setembro também chamou a atenção do mercado. Segundo cálculo realizado pela Votorantim Corretora, o dado alcançou a marca de 68,68%, de 65,93% em agosto. "Os alimentos estão pressionando, mas o avanço de preços está disseminado", afirmou um operador.
No exterior, os dados divulgados mostraram uma acomodação em baixa da atividade na China. O índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) HSBC do setor de manufatura da China preliminar de setembro subiu para 47,8, de 47,6 em agosto, mas apontou contração pelo 11º mês consecutivo. Na Europa, o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro caiu para 45,9 em setembro, de 46,3 em agosto, contrariando a previsão dos economistas de alta para 46,7. Nos EUA, os indicadores foram mistos, mas o avanço do índice de atividade industrial do Federal Reserve da Filadélfia para -1,9 em setembro, de -7,1 em agosto e acima das previsões de -5,0, ajudou a minimizar o pessimismo.