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Da Redação
Publicado em 27 de dezembro de 2011 às 22h00.
Rio de Janeiro - A Eletrobras avalia que vai precisar de pelo menos 2 bilhões de dólares em captações no mercado externo ou interno, cujos recursos vão compor o investimento de 13 bilhões de reais para 2012, anunciado nesta terça-feira.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Eletrobras, Armando Casado, durante a captação de 1,75 bilhão de dólares em outubro, a companhia percebeu que havia demanda para até 5 bilhões de dólares em bônus e que a empresa está compondo uma curva de juros para servir de benchmark para futuras emissões.
"Vamos olhar as opções de acesso ao mercado", disse Casado, durante encontro com jornalistas, no Rio de Janeiro. Além dessa terceira provável emissão, a estatal pretende recorrer a 4,1 bilhões de reais por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos regionais para desenvolvimento do Centro-Oeste e do Nordeste.
Outros recursos viriam de organismos multilaterais (BID, Bird e do alemão KfW), que somariam 900 milhões de reais, e também de outras fontes de financiamento.
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, destacou que a Eletrobras deve fechar o ano com 9 bilhões de reais investidos, o que deve corresponder a 90 por cento do orçamento inicial da empresa, da ordem de 10 bilhões de reais, ou 75 por cento do valor revisado, de cerca de 12 bilhões de reais. Até novembro, a estatal investiu cerca de 8 bilhões de reais.
No ano que vem, a geração deverá receber 6,803 bilhões de reais, enquanto a transmissão deve chegar a 3,870 bilhões de reais. A distribuição tem projetados recursos que somam 1,860 bilhão de reais e outras áreas devem ser contempladas com 760 milhões de reais.
Para o ano que vem, entre outros projetos, devem iniciar operação comercial parte das usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, que fazem parte do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, de 6.600 megawatts, em que a Eletrobras possui participação.
Internacionalização
A Eletrobras recebeu sinalização do governo peruano de que o país quer dar continuidade aos planos de construção de uma nova hidrelétrica (Inambari), disse Carvalho.
Segundo ele, o início da obra depende, porém, de um "claro posicionamento de que será um bom negócio para a companhia e para o governo peruano".
A Eletrobras manteve a meta de ter 10 por cento de sua receita obtida por meio de projetos internacionais até 2020, mesmo tendo após não ter levado cerca de 20 por cento da Energias de Portugal (EDP).
O presidente da Eletrobras afirmou que a empresa está construindo um portfólio de oportunidades no exterior. O grupo visa iniciar, em 2012, projetos para duas hidrelétricas binacionais na Argentina, ao mesmo tempo em que pretende começar as obras de uma hidrelétrica na Nicarágua e concluir uma linha de transmissão no Uruguai.
"Tivemos cada vez mais a convicção de que essa estratégia da Eletrobras de ter uma presença forte no exterior é uma estratégia que deve ser perseguida", afirmou Carvalho.
Ele contou que a Eletrobras deixou de levar a participação do governo português na Energias de Portugal, pois, se vencesse, não poderia vender toda ou parte dos 21,35 por cento (lock up) nem comprar mais participação.
O executivo salientou que, mesmo que o controle da EDP não fosse o objetivo da estatal, que seria alcançado com 32 por cento, a Eletrobras gostaria de ter a liberdade de negociar ações, seja por compra, seja por acordo de acionistas.
Ainda de acordo com Carvalho, a estatal avalia que "ainda este ano", a empresa deve divulgar detalhes da operação que resultará em 51 por cento de participação na Celg, estatal controlada pelo Estado de Goiás.
Segundo ele, o governo federal negocia com o governo goiano, entre outros pontos, como será o pagamento de dívidas de encargos setoriais.