Mercados

Eletrobras sinaliza volta das captações brasileiras no exterior

A venda de títulos pode ser retomada após cinco semanas sem captações por companhias brasileiras, o período mais longo desde junho de 2010

A Eletrobras pode fazer uma captação “benchmark”, que é composta normalmente por pelo menos US$ 500 milhões (Eduardo Knapp)

A Eletrobras pode fazer uma captação “benchmark”, que é composta normalmente por pelo menos US$ 500 milhões (Eduardo Knapp)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2011 às 08h41.

Nova York - O período mais longo de ausência das empresas brasileiras no mercado internacional de títulos denominados em dólares em mais de um ano pode ter chegado ao fim. A queda dos custos de financiamento levaram Centrais Elétricas Brasileiras SA e Caixa Econômica Federal a explorar a emissão de dívida no exterior.

A Eletrobras contratou o Credit Suisse Group AG e o Banco Santander SA na semana passada para coordenar uma venda de títulos no exterior. Já a Caixa disse em 11 de agosto que pretende emitir dívida. O rendimento médio dos títulos de empresas brasileiras em dólar caiu nove pontos-base, para 5,98 por cento, desde que atingiu, no início do mês, o nível mais alto desde fevereiro. Para as empresas mexicanas, a taxa está em 6,46 por cento e em 5,83 por cento para as da Rússia, de acordo com o JPMorgan Chase & Co.

A venda de títulos pode ser retomada após cinco semanas sem captações por companhias brasileiras, o período mais longo desde junho de 2010, devido à maior demanda por ativos corporativos brasileiros de melhor classificação de risco, disse Alexei Remizov, chefe de mercados de capital de dívida para o Brasil do HSBC Holdings Plc. O apetite do investidor está voltando após receios com o contágio da crise de dívida na Europa e a pior perspectiva para o crescimento global terem provocado uma onda de venda de ativos de mercados emergentes.

“A fila de operações planejadas é tipicamente saudável para setembro, com diferentes emissores considerando acessar o mercado”, disse Remizov em entrevista por telefone de Nova York. “As carteiras de renda fixa ainda estão líquidas e prontas para agir quando as janelas estiverem razoavelmente boas.”

Captação benchmark

As captações externas por empresas brasileiras geralmente se aceleram em setembro em relação a agosto. A média de vendas em setembro é de US$ 1,7 bilhão desde 1999, comparado a US$ 339 milhões em agosto, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A Queiroz Galvão Óleo e Gás SA foi a última companhia brasileira a emitir bônus em dólar, com uma venda de US$ 700 milhões em 20 de julho, a uma taxa de 5,37 por cento.

A Eletrobras, sediada no Rio de Janeiro, pode fazer uma captação “benchmark”, que é composta normalmente por pelo menos US$ 500 milhões, segundo uma pessoa familiarizada com o plano e que pediu para não ser identificada porque os termos ainda não foram definidos. A empresa tem classificação de risco BBB-, o menor grau de investimento, na escala da Standard & Poor’s e um grau acima, BBB, pela Fitch Ratings.


Janela de oportunidade

Um representante da Eletrobras no Rio de Janeiro se recusou a fazer comentários para esta reportagem. A companhia anunciou ontem em comunicado ao mercado que seu lucro líquido do segundo trimestre caiu 65 por cento, para R$ 327 milhões, em relação a um ano antes, com o real valorizado corroendo os ganhos com sua maior hidrelétrica.

A Caixa, banco estatal com sede em Brasília, está se preparando para realizar uma captação externa “assim que abrir uma janela de oportunidade”, disse Márcio Percival Alves Pinto, vice-presidente de Finanças e Mercados de Capitais do banco, a jornalistas em São Paulo em 11 de agosto. A instituição tem classificação de risco Baa2, ou dois níveis acima de junk bond, pela Moody’s Investors Service, a mesma do governo.

Percival não estava disponível ontem para comentar o plano de emissão, segundo comunicado enviado por e-mail pela instituição.

Receio de recessão

“Esses são nomes quase soberanos, de classificação elevada e acho que existe apetite para isso”, disse Douglas Chen, chefe de distribuição de renda fixa internacional do Itaú Unibanco Holding SA em Nova York, em entrevista por telefone. “O abalo está acontecendo nos Estados Unidos e na Europa, não na América Latina, e as pessoas querem rendimento. Então estão dispostas a encarar, mas querem nomes de classificação elevada.”

O Citigroup Inc. reduziu na semana passada sua projeção para o crescimento da economia americana em 2011, reforçando os receios que o Morgan Stanley já havia apresentado em relação à desaceleração da economia global. A queda das ações no mundo todo, deflagrada pelos receios de que a economia mundial esteja caindo em recessão, eliminou cerca de US$ 8 trilhões em valor de mercado nas últimas quatro semanas.

“Não precisamos ver uma grande valorização, mas realmente precisamos ter diminuição da volatilidade”, disse Aziz Sunderji, estrategista de crédito do Barclays Plc em Nova York, em entrevista por telefone. “Precisamos ver alguma estabilidade, mesmo que seja nos níveis atuais de spread.”

Acompanhe tudo sobre:AçõesEletrobrasEmpresasEmpresas estataisEnergia elétricaEstatais brasileirasHoldingsMercado financeiroServiçosTítulos públicos

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney