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Eletrobras pode mais que dobrar de valor após privatização, projetam analistas

O presidente Jair Bolsonaro entregou na noite de terça-feira aos presidentes da Câmara e do Senado uma medida provisória sobre a desestatização da estatal

Eletrobras: a MP segue bases semelhantes previstas anteriormente no projeto de lei, com mudanças pontuais que aumentam contrapartidas exigidas da empresa após a operação (Pilar Olivares/Reuters)

Eletrobras: a MP segue bases semelhantes previstas anteriormente no projeto de lei, com mudanças pontuais que aumentam contrapartidas exigidas da empresa após a operação (Pilar Olivares/Reuters)

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Reuters

Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 12h43.

O eventual sucesso na proposta do governo de privatizar a Eletrobras poderia mais que dobrar o valor das ações da companhia, disseram analistas de bancos em relatórios, embora com ressalvas de que o projeto deve sofrer resistência e ter um caminho difícil à frente no Congresso.

O presidente Jair Bolsonaro entregou na noite de terça-feira aos presidentes da Câmara e do Senado uma medida provisória sobre a desestatização, que ocorreria por meio de uma emissão de novas ações que diluiria a fatia do governo na elétrica.

"Evidentemente, há um significativo valor adicional a ser destravado se a privatização tiver sucesso. Nesse caso, nosso preço-alvo para ELET6 salta para 75 reais por ação", escreveu a equipe do BTG Pactual, sobre as ações preferenciais da empresa.

Os papéis PN da Eletrobras operavam a 35 reais nesta quarta-feira, em alta de cerca de 9% por volta das 11h45, após subirem mais de 10% na véspera.

"Nosso cenário de análise pós-capitalização (desestatização) sugere um valor hipotético no intervalo entre 58,3/91,3 reais por ação para ELET3 (ações ordinárias) e 63,8 reais/100,2 por ação para ELET6", projetaram analistas do Goldman Sachs.

Os papéis ordinários da Eletrobras subiam 6% nesta quarta-feira, a 34,63 reais.

"No entanto, observamos potenciais desafios para a aprovação da proposta, especialmente uma vez que a companhia ainda não tem um novo CEO indicado", alertou o Goldman, referindo-se ao anúncio pela companhia no final de janeiro sobre a saída de seu presidente-executivo Wilson Ferreira Jr. em meados de março.

Ferreira assumirá o comando da BR Distribuidora, em decisão tomada, segundo ele, após ver "perda de tração" na privatização da elétrica.

Os analistas do BTG disseram que a retomada da desestatização por MP, e não projeto de lei como antes, tem potencial de acelerar o processo, "mas ainda há riscos de que o texto expire antes de ser aprovado, especialmente considerando a residência à tentativa anterior (de privatização).

Em suas projeções de preço-alvo para as ações ordinárias da companhia em condições atuais, de 63 reais, o BTG disse levar em consideração uma chance de 50% de desestatização.

"O fato de que o presidente Bolsonaro entregou pessoalmente a MP ao Congresso mostra sinais muito mais fortes de comprometimento do governo em fazer isso acontecer", destacou.

Já o time de research do Credit Suisse disse que a decisão do governo de avançar com a privatização "é certamente positiva para a Eletrobras", mas destacou que "ainda precisamos de apoio político para que a proposta seja aprovada".

"Lembramos a investidores que o governo sofreu anteriormente (para avançar) com a privatização e, consequentemente, acreditamos que é importante ter uma visão mais clara sobre a opinião do Congresso em relação a essa nova MP."

O projeto de lei sobre a desestatização enviado ao Congresso pelo governo Bolsonaro no final de 2019 não andou, e sequer teve relator indicado.

A MP segue bases semelhantes previstas anteriormente no projeto de lei, com mudanças pontuais que aumentam contrapartidas exigidas da empresa após a operação.

A medida provisória precisa ser votada em 60 dias, prorrogáveis por mais 60, para se tornar lei. Enquanto isso, no entanto, seus dispositivos já vigoram, o que permitirá ao governo contratar o BNDES serviços técnicos relacionados à privatização.

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