MERCADO FINANCEIRO: a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s afirmou que o Bolsonaro representa um risco maior para a economia do que Haddad
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2018 às 05h53.
Última atualização em 3 de outubro de 2018 às 07h04.
Com as pesquisas de intenção de voto indicando um provável segundo turno entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, os analistas estão fazendo projeções de como ficaria a economia brasileira nos dois governos. O cenário-base pressupõe que ambos tentarão adotar medidas de ajuste fiscal e fazer algum tipo de reforma da previdência.
“Cada um terá sua dificuldade, mas é possível que os governos não sejam assim tão diferentes, ao menos, no primeiro ano”, diz Evandro Buccini, economista-chefe da gestora Rio Bravo.
O risco, no caso de Haddad, é que ele ceda à pressão populista e coloque o equilíbrio fiscal em segundo plano. No caso de Bolsonaro, a dúvida é quais serão suas prioridades quando eleito e se a agenda proposta por Paulo Guedes, responsável por seu plano econômico, que prevê reformas e privatizações, será colocada em prática.
Num relatório divulgado nesta terça-feira, a agência de classificação de riscos Standard & Poor’s afirmou que o Bolsonaro representa um risco maior para a economia do que Haddad. O motivo é o fato de Bolsonaro ser um “outsider”, o que poderia gerar incoerências ou atrasos na implementação de medidas, segundo a S&P.
Boa parte do mercado financeiro, porém, pensa bem diferente, como ficou claro no comportamento da bolsa e do câmbio nesta terça-feira. O Ibovespa subiu quase 4% e o real valorizou depois de Bolsonaro subir nas pesquisas de intenção de voto.
As ações de empresas estatais estiveram entre as que mais subiram, com destaque para Eletrobras ON (11,5%), Banco do Brasil (11,4%) e Petrobras PN (8,7%).
A explicação é que, para uma parcela relevante dos investidores, se Paulo Guedes fizer parte do que está propondo, haverá uma melhora significativa na economia e na percepção de risco do país.
Ao menos até o primeiro turno, movimentos como o de terça-feira devem continuar. Se Bolsonaro continuar subindo nas pesquisas eleitorais, como mostrou o Datafolha de ontem à noite, a bolsa e o real devem ir junto. A resposta se as apostas (ou a torcida) dos investidores fazem sentido virá a partir do dia primeiro de janeiro de 2019 — caso o favorito do mercado ganhe, claro.