Os papéis da OGX acumulam desvalorização de 67% em 2012 (Fernando Cavalcanti)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2012 às 20h34.
São Paulo – A cartada de 1 bilhão de dólares de Eike Batista surpreendeu o mercado e foi vista como uma demonstração de confiança do controlador em sua empresa de petróleo, a OGX (OGXP3). Segundo analistas, o anúncio reduziu o risco das ações, mas o mercado continuou a torcer o nariz. Os papéis despencaram 14,8% na semana, para 4,49 reais.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de quarta-feira, Eike informou que a empresa terá o direito de exigir que ela subscreva novas ações ordinárias ao preço de exercício de 6,30 reais cada até 30 de abril de 2014.
Com o movimento, o empresário pode ter fixado um tipo de “teto” às ações, mas sinalizou também que está disposto a pagar até 40% a mais por cada ação, caso a empresa necessite de caixa. Os papéis acumulam desvalorização de 67% em 2012.
“Sem a opção, o perfil de risco da empresa, em nossa visão, poderia subir rapidamente nos próximos doze meses”, explicam os analistas Frank McGann e Conrado Vegner, do Bank Of America Merrill Lynch. “Acreditamos que o movimento busca reduzir as preocupações dos investidores sobre a sustentabilidade da posição de caixa da OGX e a sua habilidade de levantar mais dinheiro caso necessário”, ressalta a analista Paula Kovarsky, do Itaú BBA
A operação
Um dos problemas, segundo a Fitch Ratings, está na destinação dos recursos a serem injetados na empresa. Caso o dinheiro vá para novas reservas ainda não desenvolvidas, o impacto seria negativo porque atrasaria o aumento na geração de fluxo de caixa. Os adiamentos sucessivos na entrada de dinheiro na empresa têm irritado os investidores.
“Por outro lado, se os recursos forem utilizados para acelerar a produção e agilizar o início da geração de fluxo de caixa, tal medida seria positiva para a qualidade de crédito. A Fitch observa que a opção de venda só poderá ser exercida, caso não estejam disponíveis opções de financiamento favoráveis”, ressalta Ana Paula Ares, analista sênior da agência, em nota.
Em entrevista à Bloomberg, Roberto Monteiro, diretor financeiro da empresa, disse que a iniciativa do empresário dará à OGX mais capacidade para disputar blocos de exploração que serão leiloados pelo governo na 11ª rodada da Agência Nacional de Petróleo. Segundo ele, a empresa também está interessada em comprar ativos de exploração de outras companhias.
Investimento
A confiança dos investidores na empresa corroeu em junho, quando os papéis despencaram 41% em apenas uma semana. O mercado recebeu mal o detalhamento sobre a vazão muito abaixo do esperado de dois poços no Campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos. Além disso, atrasos na produção minaram ainda mais o crédito da empresa na bolsa. Em julho, a Fitch chegou a cortar o rating da empresa.
A Citi Corretora retirou a OGX do incômodo posto de pior ideia de investimento do setor após o aporte do bilionário e a substituiu pela petroquímica Braskem (BRKM5). Ainda assim, o analista Pedro Medeiros, que assina o relatório, afirma que a OGX é um investimento de alto risco, devido ao risco inerente associado com a exploração e o seu relativamente pequeno fluxo de caixa de curto prazo.