A OGX será a primeira das seis empresas de capital aberto comandadas por Eike a emitir títulos internacionais (Fernando Cavalcanti/EXAME)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2011 às 08h21.
São Paulo e Rio de Janeiro - A estreia do bilionário Eike Batista no mercado internacional de dívida pode obrigar a OGX Petróleo & Gás Participações SA a pagar o dobro da taxa da estatal Petróleo Brasileiro SA numa captação externa. Os títulos da empresa de Eike foram classificados como junk, ou alto risco.
A OGX pretende captar US$ 2 bilhões em títulos denominados em dólar a um rendimento de 7,5 por cento, ou cerca de 500 pontos-base a mais do que papéis do Tesouro americano, segundo uma pessoa familiarizada com a operação, que pediu para não ser identificada porque os termos ainda não foram definidos. A dívida de prazo similar da Petrobras, que tem classificação de risco seis níveis superior, rende 200 pontos-base a mais do que as notas do governo americano. A taxa média para empresas com a mesma nota de crédito B1 da OGX é 6,86, segundo o Bank of America Corp.
Eike, 54 anos, vai realizar a captação externa após suas empresas terem levantado cerca de US$ 7,3 bilhões em ações nos últimos cinco anos para financiar investimentos em energia, mineração e transporte. Os investidores vão exigir um prêmio porque a OGX ainda não produz petróleo, disse Gianna Bern, presidente da consultoria de gestão de risco Brookshire Advisory and Research, de Chicago.
“O maior desafio para a OGX é ir a mercado sem um histórico estabelecido de produção”, Bern, que já foi diretora sênior da Fitch Ratings, disse em e-mail. “Essa empresa construída a partir de expectativas de reservas. O preço vai refletir esse nível de incerteza.”
Em nota enviada por e-mail, a assessoria de imprensa da OGX se recusou a fazer comentários para esta reportagem.
Planos de produção
A OGX será a primeira das seis empresas de capital aberto controladas por Eike a emitir títulos internacionais. A MMX Mineração & Metálicos SA emitiu R$ 96 milhões em debêntures no mercado doméstico em novembro de 2009.
O rendimento médio da dívida corporativa em dólar de companhias brasileiras com classificação B1, como a Marfrig Alimentos SA, é de 7,69 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os títulos do governo com vencimento em 2019 rendem 3,72 por cento.
A OGX, que tem classificação B+ pela Fitch Ratings, planeja começar a produzir petróleo num poço de testes até outubro, adiando uma previsão anterior para iniciar a produção em agosto. No mês passado, a empresa sediada no Rio de Janeiro divulgou um aumento abaixo do esperado nos recursos de óleo e gás.
“A verdadeira pergunta é se eles podem executar a estratégia para conseguir o que querem e como vão chegar lá”, disse Dan Kastholm, chefe de classificação de risco corporativo para a América Latina da Fitch Ratings em Chicago, em entrevista por telefone. “Em nossa visão, claramente é um risco altamente especulativo. A empresa ainda não vendeu nada de petróleo.”