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Eike decepciona ao cortar meta da OGX e títulos caem

A decisão da petroleira de reduzir sua meta de produção veio depois de um atraso de sete meses no início da produção, que também afetou a confiança do investidor

A companhia de petróleo controlada pelo bilionário Eike Batista reduziu suas metas de produção em 20% (Oscar Cabral/Veja)

A companhia de petróleo controlada pelo bilionário Eike Batista reduziu suas metas de produção em 20% (Oscar Cabral/Veja)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2012 às 09h03.

Rio de Janeiro - Os títulos em dólar da OGX Petróleo & Gás Participações SA estão despencando para o menor nível em seis meses. A companhia de petróleo controlada pelo bilionário Eike Batista reduziu suas metas de produção em 20 por cento.

O rendimento dos US$ 2,56 bilhões de títulos com vencimento em 2018 subiu 155 pontos-base no último mês, para 9,3 por cento, o maior nível desde 1º de dezembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os papéis pagam 429 pontos-base, ou 4,29 pontos percentuais, a mais do que a dívida de produtores de petróleo de mercados emergentes, contra 303 pontos há um mês, segundo índices do JPMorgan Chase & Co.

A decisão da OGX de reduzir sua meta de produção veio depois de um atraso de sete meses no início da produção, que também afetou a confiança do investidor. A empresa com sede no Rio de Janeiro, que produziu seu primeiro barril de petróleo em 31 de janeiro, disse em 15 de maio que planeja extrair 40.000 barris por dia até o fim de 2012, uma redução em comparação a estimativa de 50.000 barris dada no ano passado. Eike, que criou a OGX em 2007, está pegando carona nos esforços do País para dobrar sua produção de petróleo com a exploração das maiores descobertas de petróleo do Ocidente em 36 anos.

“Os investidores estão cada vez mais decepcionados”, disse Bevan Rosenbloom, analista de dívida do Citigroup Inc. em Nova York, em entrevista por telefone. “Na verdade, eles nunca atenderam às expectativas. Eles estão um pouco atrasados, ou são um pouco menos do que as pessoas esperavam ou gostariam.”

Os títulos da OGX pagam 659 pontos-base a mais do que os títulos do governo brasileiro com vencimento em 2019, comparado a uma diferença de 523 pontos há um mês, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A nota de crédito B da empresa, pela escala da Standard & Poor’s, está cinco níveis abaixo do grau de investimento e seis níveis inferior à nota do governo brasileiro.

Atrasos na produção

O presidente da OGX, Paulo Mendonça, divulgou a meta de produção revisada para este ano em 15 de maio, após dois poços de testes terem produzido na faixa mínima da projeção. A companhia também anunciou reservas petrolíferas abaixo do esperado para o campo Tubarão Azul, que começou a produzir no fim de janeiro.

O rendimento dos títulos da OGX deu um salto de 99 pontos- base em agosto, após a empresa ter adiado o começo da produção pela terceira vez no ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

É“natural” ter flutuações nos volumes de produção porque a OGX está fazendo testes para conhecer melhor o reservatório, disse a assessoria de imprensa da companhia em comunicado enviado por e-mail. A OGX não quis fazer comentários sobre o desempenho de dua dívida.

Pedidos de comentários a Eike Batista não foram respondidos.


A companhia tem US$ 3,6 bilhões em caixa e não tem planos de voltar aos mercados de capitais, disse o diretor financeiro, Roberto Monteiro, em entrevista no Rio de Janeiro em 22 de maio. A empresa tem dinheiro suficiente para cobrir os investimentos até o fluxo de caixa se tornar positivo, disse ele.

"À prova de idiotas"

A OGX é o pilar central do plano de Eike de lucrar com a exploração de recursos naturais no País por meio de um grupo interligado de empresas de petróleo, mineração, construção naval e logística -- e assim tornar-se o homem mais rico do mundo. O patrimônio líquido dele subiu 15 por cento em 2012 para US$ 25,8 bilhões, tornando-o a décima pessoa mais rica do mundo, de acordo com o ranking diário do Índice Bloomberg de Bilionários.

“Todos os meus projetos são concebidos para serem à prova de idiotas”, disse o empresário de 55 anos durante uma conferência no Rio em 22 de maio.

Em ondas de vendas de papéis, os investidores estão mais propensos a descartar os títulos da OGX do que de outras empresas do setor, que têm histórico mais longo de produção e reservas mais previsíveis, disse Gianna Bern, ex-diretora sênior da Fitch Ratings e que hoje preside a consultoria de gestão de risco Brookshire Advisory and Research. O aprofundamento da crise da dívida na Europa corroeu a demanda por ativos de maior rendimento dos mercados emergentes no mês passado.

"Não é incomum"

“Uma companhia como a OGX sempre tem um perfil de risco bem mais alto do que o de outras emissoras com histórico de longo prazo”, disse Gianna em entrevista por telefone de Chicago. “Eles têm potencial de reservas, mas extrair os hidrocarbonetos do solo de forma consistente é outra coisa.”

Para Paul Marty, analista de dívida da Spread Research, os atrasos da OGX não são raros entre iniciantes na produção de petróleo e a companhia provou que consegue encontrar grandes campos.

“Não é incomum uma empresa adiar seus planos e encontrar obstáculos durante a aceleração da produção”, disse Marty em entrevista por telefone da cidade francesa de Lyon. “Não significa que essa produção não vai se materializar, ainda que provavelmente seja adiada para 2013. É uma companhia que consegue encontrar boas reservas e desenvolvê-las.”

A OGX tem planos de produzir 730.000 barris por dia em 2015 e 1,38 milhão de barris diários em 2019, o equivalente à metade da produção atual do País.

Novos atrasos para conseguir embarcações e outors equipamentos vão limitar o aumento da produção diária para 375.000 barris em 2015, disse Matthew Portillo, analista da Tudor Pickering Holt & Co., em entrevista por telefone de Houston.

“Nada nesse setor acontece rapidamente”, disse Gianna, da Brookshire. “A OGX está no processo de aumento da produção e tudo isso vai acontecer nos próximos anos. Em algum momento, eles podem ter que considerar uma redução” nas metas de produção de longo prazo, disse ela.

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