Silvio Santos CORRETA (Divulgação/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2012 às 18h44.
São Paulo - Além dos 2,5 bilhões de reais do patrimônio do Grupo Sílvio Santos, a suspeita de fraudes contábeis no banco Panamericano custou a confiança do mercado no setor de bancos de médio porte. As ações foram empurradas para baixo durante todo o pregão desta quarta-feira (10) na BM&FBovespa - além do próprio banco (BPNM4), que chegou a cair 30% nos negócios do dia, bancos de médio porte como Daycoval (DAYC4), Sofisa (SFSA4), BicBanco (BICB4), Cruzeiro do Sul (CZRS4), Pine (PINE4) e Paraná Banco (PRBC4) passaram o dia no vermelho.
Os preços baixos indicam uma boa oportunidade de compra dos papéis, mas investir agora requer cautela, dizem analistas. “Há claramente uma janela de compra para as ações, mas deve-se avaliar as empresas caso a caso e observar o risco de contaminação pelo mal-estar do mercado diante do setor”, aponta Vitor Martins, analista da corretora Planner. “A queda dos bancos médios é amplamente justificada. É muito cedo para saber se é um problema localizado ou se ainda há risco de disseminação”, argumenta.
Para Marco Aurélio Barbosa, analista do setor de bancos da Coinvalores, o cenário é inverso: a queda do setor de bancos de médio porte pune companhias com grande potencial de crescimento e balanços contábeis sólidos. Por isso, o investidor deve aproveitar para adquirir uma posição nas companhias enquanto estão baratas. “É uma confusão típica do mercado e isso deve passar. Não vejo risco de contágio no sistema. As operações das outras companhias devem devolver a confiança no setor”.
“A princípio, as inconsistências encontradas são específicas do Banco Panamericano, e não um problema generalizado do setor”, explica a analista Mariana Taddeo, da Link Investimentos. Segundo ela, devido a falta de maiores detalhes em relação às incosistências contábeis, não é possível ainda avaliar precisamente os impactos. A Link suspendeu o preço-alvo e recomendação para as ações do banco.
Panamericano em baixa
Quanto aos investidores do Panamericano, os analistas concordam que ainda é prematuro traçar o cenário para a ação no curto prazo. “É um momento de crise. A ação já está desvalorizada em 70% no ano e o cenário é negativo. Não indico compra no momento, mas precisamos de mais informações para os próximos passos”, aponta Martins.
Para os que ainda têm papéis da companhia, o conselho também aponta para a cautela. “Acho que a melhor estratégia é esperar um pouco para tentar sair num momento um melhor”, complementa. “Caso o aporte de 2,5 bilhões de reais seja suficiente para sanear realmente os problemas contábeis, a tendência é de recuperação”. A Planner declarou nesta quarta-feira a revisão temporária do preço do papel.
Já segundo Martins, a melhor estratégia para o investidor de longo prazo é manter sua posição na companhia, cujo risco de quebra seria reduzido. “Com um acionista controlador forte e com a participação da Caixa Econômica Federal, esse perigo é diminuído”, argumenta. “Estamos diante de um pico de baixa, e sair vendendo não é a melhor opção. Melhor ficar de olho nas novas informações e resultados futuros”, afirma.