Marina Silva discursa durante o seu programa de governo, em São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2014 às 12h21.
São Paulo - O último mês de 2014 poderá encerrar a maior seca de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) da última década. A simpatia do mercado pela candidata do PSB à presidência, Marina Silva, o que tem se refletido em Bolsa, começou a surtir efeito na expectativa de retomada das ofertas.
Companhias na fila para emissões de ações já começam a mirar a janela do fim do ano, há pouco tempo vista como perdida.
Segundo fonte de um banco estrangeiro, apesar do tom de otimismo, a próxima janela, de setembro/outubro, não deverá se abrir para ofertas, porque as empresas evitarão roadshows em plena corrida eleitoral.
"A verdade é que, em função da volatilidade, a maioria prefere (aguardar) uma definição da mudança de governo", disse a fonte.
Até o momento, três companhias estão preparadas para realizar oferta inicial de ações, com pedido feito na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esperando uma janela favorável.
JBS Foods, Ourofino Agronegócio e Tower4U, de torres de telefonia de capital israelense, podem vir a testar o mercado em dezembro, na opinião de especialistas.
A fonte cita que pode haver uma corrida em direção a essa janela, visto que 2015 será um ano de ajustes e ainda com a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos, fato que se confirmado significará um enxugamento de liquidez no Brasil. Isso lembrando que historicamente os investidores estrangeiros respondem, na média, por 70% das ofertas de ações brasileiras.
Uma vez aberta a janela de dezembro, na qual as empresas utilizarão os dados do terceiro trimestre para precificação da oferta, o número de empresas que tentará abrir capital vai depender do aceno que a candidata Marina Silva fará em relação à política econômica, caso saia vencedora.
"Acho que o número de ofertas será proporcional à intensidade de acenos que ela fizer aos setores produtivo e financeiro", destacou um advogado que estrutura operações.
Uma terceira fonte pondera que a última janela do ano não é apropriada para a realização de ofertas. "Dá para fazer, mas em geral é mais difícil, no "sacrifício". Não é o ideal".
No ano passado, porém, o mercado brasileiro foi palco de duas emissões de ações em dezembro.
A operadora de turismo CVC e a Via Varejo vieram a mercado, sendo que a última, apesar de ter sido uma oferta subsequente (follow on), foi tratada no mercado como re-IPO, já que tinha poucas ações em circulação no mercado.
Bolsa
O advogado especialista em Mercado de Capitais da Veirano, Carlos Lobo, destaca que se o Ibovespa seguir apresentando valorização, como registrado nas últimas semanas, o ambiente para ofertas de ações deverá se tornar mais favorável.
Neste mês por exemplo, o Ibovespa acumula ganhos de mais de 8% e no ano a valorização ultrapassa 20%.
Lobo nota que nos últimos anos há uma lista razoavelmente extensa de companhias que chegaram a fazer o registro para IPO na CVM, mas que acabaram deixando seus planos de lado devido ao cenário desfavorável do mercado.
Essas empresas, em sua visão, poderão desengavetar a oferta quando a janela se reabrir. Alguns exemplos são Azul, Votorantim Cimentos, Sascar, Unidas.
Neste ano, a única operação realizada no Brasil foi a da Oi, uma oferta subsequente, de cerca de R$ 14 bilhões, no âmbito da operação de fusão com a Portugal Telecom. No ano passado, entre ofertas iniciais e subsequentes, o volume movimentado foi de R$ 23,4 bilhões.