Projeção de geração de caixa para 2013 da Usiminas do HSBC está 27% abaixo do mercado (HSBC/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2012 às 09h37.
São Paulo – A euforia vista nas últimas semanas com as ações das siderúrgicas na bolsa tem fundamento, mas não deve se sustentar por muito tempo. Essa é a avaliação do HSBC em um relatório publicado nesta semana. Segundo os analistas do banco, o comportamento visto parece o de manada motivado pelo “aparente otimismo de que dias melhores virão”.
“Apesar de concordarmos com que a tempestade já tenha passado, em grande parte, dificilmente o céu estará azul à frente, principalmente no mercado de aços planos, o qual continua a apresentar excesso de oferta devido ao aumento da disponibilidade de produtos e redução do consumo”, ressalta o analista Jonathan Brandt.
A alta dos papéis do setor ganhou fôlego com a elevação do Imposto de Importação para 100 produtos, sendo que o setor siderúrgico foi um dos principais beneficiados. A medida tem validade por um ano, mas pode ser ampliada por mais um, de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). As alíquotas, que variavam entre 12% e 18%, passaram para 25% e vão valer para as compras fora do Mercosul. A medida se soma ao recente esforço do governo em manter a taxa de câmbio perto de 2 reais em relação ao dólar.
Manada
“Embora seja tentador seguir a manada e elevar a classificação da Usiminas (USIM5), em nossa opinião, as estimativas do consenso são muito agressivas e o rebaixamento dos lucros representa sério risco”, destaca Brandt. Ele mantém a recomendação de alocação abaixo da média para a empresa, mas aumentou o preço-alvo para 10 reais. A ação terminou a terça-feira negociada a 9,95 reais.
Para o analista, a siderúrgica irá presenciar um aumento gradual na lucratividade, mas ela não será na rapidez que tem sido assumida nas projeções dos analistas do mercado e implícita no preço dos papéis. O HSBC avalia ter uma projeção de geração de caixa para 2013 aproximadamente 27% abaixo do mercado. Brandt projeta que se as medidas do governo tivessem em vigor há 12 meses a geração de caixa teria sido elevada em apenas 11%.
“A nosso ver, a Usiminas foi beneficiada recentemente por várias atualizações de recomendação sell-side e a percepção de que a queda dos preços das matérias primas representará aproximadamente o dobro da geração do Ebitda [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] em 2013”, diz o analista.
CSN
O banco também manteve a recomendação de alocação abaixo da média para a CSN (CSNA3). O preço-alvo, contudo, caiu de 12 reais para 11 reais. Brandt lembra que 87% dos seus volumes já são vendidos no mercado doméstico. “Além disso, provavelmente a CSN será prejudicada no curto prazo pela queda dos preços do minério de ferro (a divisão de mineração responde por aproximadamente 50% do EBITDA), o que deve compensar qualquer benefício decorrente dessas medidas protecionistas”, diz o analista.
Gerdau
Mesmo sendo uma das menos afetadas pelas medidas protecionistas, a Gerdau é a principal recomendação do HSBC no setor. “Apesar da avaliação cara, continuamos a acreditar que a empresa está mais bem posicionada para capturar os gastos em infraestrutura no Brasil nos próximos anos. Também acreditamos que o mercado de aços longos apresenta melhor equilíbrio entre oferta/demanda”. Afirma Brandt.
As recomendações para a Gerdau (GGBR4) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) foram mantidas em neutra, com preços-alvo de 20,50 reais (de 17,50 reais) e 27 reais (de 22,50 reais), respectivamente.