Mercados

Edemir Pinto: Ninguém foi para equipe econômica por amor ao Temer

Otimista, presidente da BM&FBovespa disse que o mercado de capitais é a única alternativa de financiamento para muitas empresas no cenário atual

Edemir Pinto: teremos um choque de capitalismo no país (Samuel Kim/BM&FBovespa/Divulgação)

Edemir Pinto: teremos um choque de capitalismo no país (Samuel Kim/BM&FBovespa/Divulgação)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 29 de outubro de 2016 às 14h22.

Última atualização em 29 de outubro de 2016 às 14h51.

São Paulo - Confiante em um "choque de capitalismo" e em uma "virada de página" da economia brasileira, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou neste sábado (29) que ninguém da equipe econômica foi para o governo por amor ao presidente Michel Temer ou ao PMDB.

"A equipe econômica que está hoje no Brasil é competente. No Banco Central, no BNDES, na Fazenda e na Petrobras. Essas pessoas todas aceitaram ir para o governo porque são apaixonadas pelo Temer ou porque adoram o PMDB? Não. Elas foram pra lá para virar a página do país. Elas foram para lá para botar esse trem no trilho. Eu conheço quase todas elas. Ninguém foi para lá por amor ao Temer ou ao PMDB", disse Edemir, em entrevista na sede da Bolsa, após discursar durante um desafio de educação financeira para estudantes do ensino médio.

"Aí, me perguntaram: ué, mas o Joaquim Levy também não era do mercado financeiro? Sim, só que ele era uma andorinha, isolada, sozinha. Agora, tem um time todo, que está em todos os lugares", completou o presidente da BM&FBovespa.

Estrangeiros

Edemir frisou ainda a dependência que o Brasil tem do investimento estrangeiro, o que para ele ainda deve se manter por muitos anos. "O país não tem poupança interna, nem as pessoas e nem as empresas. Não há dinheiro suficiente para fazer girar a economia."

Por isso, segundo o presidente da Bolsa, a retomada da confiança dos estrangeiros é essencial. "Confiança nas regras, na legislação, no equilíbrio político. Eles não olham o curto prazo, eles olham o longo prazo. Para o estrangeiro vir para o país, a primeira coisa que ele olha é o futuro. Neste momento, pela primeira vez depois de muitos anos, este conjunto de fatores está mudando", afirmou.

Choque de capitalismo

Para Edemir, o cenário atual é favorável ao mercado de capitais, o que ele disse ser a única alternativa de financiamento para muitas empresas. E, portanto, está confiante na retomada dos IPOs na Bovespa.

"Estamos a frente de um choque de capitalismo no Brasil. Muitas empresas, hoje, não têm outra alternativa senão buscar financiamento no mercado de capitais. O governo está com uma PEC que limita gastos, o Tesouro não tem mais dinheiro, o BNDES não tem mais dinheiro. Então, onde as empresas vão buscar [financiamento]?", disse.

O mercado de capitais, segundo o executivo, "vai ser a grande alavanca [das empresas] nos próximos três, quatro, cinco anos. Nós tínhamos quase 70 empresas represadas por conta da secura de IPOs que acontece no Brasil. Ontem, tivemos o primeiro [IPO] em 18 meses", disse, se referindo à estreia da Alliar na Bovespa.

"Eu acho que o ano que vem vai ser o grande ano de início desse choque de capitalismo que nós vamos ter no país. Vai ser uma grande virada. Quem sabe daqui alguns anos nós vamos dizer que, de fato, o Brasil chegou a se tornar a quinta maior economia do mundo", afirmou Edemir.

"O futuro tem que ficar mais previsível. Como o futuro fica mais previsível? O governo tem que dar essa segurança através de atitudes, como a aprovação do limite de gastos [públicos], levar adiante a discussão a reforma da Previdência. Tem que ter atitudes nesse sentido para poder estimular a expectativa e voltar a confiança do empresariado. A grande arma que o Brasil tem é a redução de juros. A maioria dos países lá fora não têm isso, porque as taxas lá já estão baixas", completou.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valores

Mais de Mercados

Tarpon compra 5% das ações da Track&Field

Ibovespa vira para alta com Nvidia puxando bolsas de Nova York

Sabesp firma contrato de R$ 1 bilhão em financiamento com a IFC para projetos de saneamento básico

Nippon Steel enfrenta nova tarifa de 29% nos EUA