O acordo entre a empresa da Alemanha e Eike foi bem-recebido pelo mercado e, pela manhã, as ações da MPX tiveram alta na BM&FBovespa (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2013 às 17h19.
São Paulo - A empresa alemã E.ON AG, sócia do empresário Eike Batista na MPX, do Grupo EBX, que atua na geração de energia elétrica e na exploração e produção de gás natural, formalizou nesta quinta-feira a compra, por R$ 1,415 bilhão, de mais 24,5% na companhia, que pertenciam a ele.
Em apresentação, nesta quinta-feira, a analistas, os executivos da MPX ressaltaram que a ação entre Eike e a E.ON deve permitir a simplificação das estruturas operacionais e de governança e reforçar a posição financeira da companhia brasileira para financiar investimentos futuros e dar suporte ao desenvolvimento dos projetos em estudo.
Eles lembraram do forte crescimento da demanda de energia esperado para os próximos anos e da necessidade estrutural de usinas térmicas para becape da geração hidrelétrica.
Com a aquisição, a participação da E.ON AG no capital da MPX aumentou para 36,2%, enquanto Eike, que controlava a empresa com 53%, passa a ter 29%. Até junho, E.ON pretende fazer uma oferta pública ao mercado para captar recursos e espera arrecadar em torno de R$ 1,2 bilhão.
O banco de investimentos BTG Pactual, que no início de março firmou um acordo com o EBX para desenhar uma estratégia financeira de resgate da cONfiança do mercado no grupo do empresário, coordenará a capitalização da MPX.
A empresa alemã comprometeu-se a subscrever o equivalente a R$ 366,7 milhões em novas ações emitidas na operação de aumento de capital. Mas a BNDES Participações S/A (BNDESPar), principal acionista minoritário da MPX, não assumiu compromisso de acompanhar a oferta. O mais provável, de acordo com uma fonte do banco, é que a instituição não participe e tenha a fatia atual, de 10,34%, diluída.
Em nota distribuída nesta quinta-feira, logo após o anúncio do acordo entre a E.ON e Eike, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) classificou como positiva a operação, "uma vez que a oferta pública permitirá captar novos recursos que contribuirão para melhora da estrutura de capital da companhia", mas informou que ainda analisará "a possibilidade de participação na referida oferta pública".
O acordo entre a empresa da Alemanha e Eike foi bem-recebido pelo mercado e, pela manhã, as ações da MPX tiveram alta na BM&FBovespa. Porém, o movimento foi insuficiente para inverter o sinal negativo nas cotações ao lONgo do dia, enquanto o Índice Bovespa (Ibovespa), o principal da BM&FBovespa, registrou estabilidade.
Com a transação, a E.ON passará a ter maior influência na gestão da MPX, o que deve "ampliar a capacidade de execução" da companhia, destacou a empresa, em documento de apresentação do contrato. "Vocês podem esperar muito crescimento desta companhia neste ano e para os próximos, com essa nova estrutura acionária", disse o presidente da MPX, Eduardo Karrer, durante teleconferência.
A conclusão da negociação entre o Eike e a E.ON na MPX, incluindo a incorporação da joint venture que será criada, só é esperada para agosto, mas isso não deve interferir na participação da companhia nos próximos leilões de energia, entre julho e agosto, informaram os executivos da empresa durante a teleconferência.
"Estamos preparando os projetos agora, como MPX e JV, e isso não vai mudar, isto é, o processo de preparação. A fusão das duas empresas não vai mudar o cadastramento dos projetos ou a preparação da participação de todos os processos nos leilões", disse Karrer. De acordo com ele, quando a empresa pretende participar de um leilão, ela registra um projeto, e não a companhia. Por isso, nada muda no que diz respeito aos procedimentos junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE). (Colaborou Irany Tereza)