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E-commerce chinês Temu perde US$ 30 por pedido, diz Inter Research

Plataforma criada há menos de um ano é líder em downloads nos Estados Unidos — e deve chegar ao Brasil no segundo semestre

E-commerce: Temu mal chegou, mas temor sobre preço baixo já está na mira de analistas (Moritz Frankenberg/Getty Images)

E-commerce: Temu mal chegou, mas temor sobre preço baixo já está na mira de analistas (Moritz Frankenberg/Getty Images)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 14 de julho de 2023 às 17h38.

Última atualização em 17 de julho de 2023 às 15h23.

O varejo nacional não deve ter sossego tão cedo. Um relatório publicado pelo Inter Research nesta sexta-feira apontou que o marketplace chinês Temu (pronuncia-se "Timu") deve chegar ao país ainda neste ano, podendo reforçar o cenário de "canibalização de margens" e fazer com que os concorrentes brasileiros acabem "em um patamar estruturalmente mais baixo que o atual". A plataforma, criada em 2022, é líder em downloads nos Estados Unidos e tem, assim como as demais concorrentes asiáticas, o preço baixo como principal chamariz.

Para chegar ao patamar atual de popularidade em tão pouco tempo, a Temu investiu em uma campanha de marketing agressiva. Mais de 8 mil anúncios nas plataformas da Meta e dois comerciais no Super Bowl são apenas alguns dos passos tomados pela empresa recentemente.

Com uma proposta geral mais parecida com a da Shopee — de preços baixos para itens variados — com a da Shein — que foca exclusivamente em roupas — a empresa, para operar, perde cerca de US$ 30 por pedido, nos cálculos do analista Breno Francis de Paula.

O app é uma divisão da Pinduoduo Inc., uma das maiores de e-commerce da China, que começou como um marketplace agrícola, conectando produtores a consumidores, e depois migrou para o e-commerce tradicional. Listada na Nasdaq, a empresa-mãe reportou receita de US$ 18 bilhões no ano passado e, hoje, vale US$ 92 bilhões na bolsa americana. Nos últimos cinco anos, a empresa acumula uma valorização de 223% nos EUA.

É nesse contexto que a Temu deve chegar ao Brasil, ainda em 2023. Em um setor de margens já espremidas, a visão do Inter é negativa para a concorrência nacional. "Diante de um país com obstáculos macroeconômicos nas últimas décadas, avanço do endividamento das famílias e pouca renda disponível, há razões suficientes para ser pessimista com os players de e-commerce nacionais", escreve o analista.

As empresas brasileiras já mostram reação. Em entrevista à EXAME Invest, a Renner reiterou a meta de abrir de 30 a 40 lojas físicas, uma 'arma' que vê para brigar com as concorrentes nativas digitais. “São competidores importantes, com bons produtos, mas que trabalham praticamente só online. Nós temos o online muito forte, mas também a complementação física e o conhecimento sobre o consumidor”, afirmou Faccio à repórter Raquel Brandão.

Não se trata de um caso isolado. Em uma perspectiva de setor, as preocupações com o novo programa da Receita Federal, que prevê isenção de imposto de 60% em remessas de até US$ 50 foi recebida com protestos.

Em contrapartida, empresas chinesas já emitiram posicionamentos a favor do programa. "O Alibaba recebe com otimismo o programa brasileiro Remessa Conforme. Acreditamos que é uma medida positiva que trará mais transparência e eficiência ao ecossistema de comércio eletrônico internacional do país, ao mesmo tempo que continua permitindo que os consumidores brasileiros comprem internacionalmente diversos produtos a preços razoáveis. Estamos empenhados em trabalhar em colaboração com as autoridades brasileiras para ajudar a promover o desenvolvimento da economia digital do Brasil", afirmou o gigante do e-commerce chinês, em posicionamento enviado à imprensa.

Na visão do Inter Research, "o fato de as empresas estrangeiras aderirem tão facilmente ao plano denota confiança em se manterem competitivos enviando produtos entre continentes de forma mais barata do que os concorrentes".

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