A Dotz decide realizar uma oferta restrita para abrir o capital, em vez de uma oferta pública, diante das condições adversas do mercado (Dotz/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 13 de maio de 2021 às 09h40.
Última atualização em 13 de maio de 2021 às 09h44.
A piora das condições de mercado no exterior e, por tabela, no Brasil nos últimos dias levou a Dotz a desistir do IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) e optar por abrir o capital por meio de uma oferta restrita.
A decisão foi tomada na noite de quarta-feira, 12, data prevista para a precificação das ações pelo modelo mais comum, da oferta pública, aberto a todos os investidores.
Embora houvesse demanda firme de investidores para levar a oferta adiante -- o chamado book completo --, a avaliação dos acionistas controladores em conjunto com investidores-âncora foi a de que não fazia sentido levar a oferta neste momento, segundo apurou a EXAME Invest com fontes a par das conversas.
Com quatro grandes investidores -- Ant Financial, Softbank, Farallon Capital e VELT Partners -- dispostos a ancorar a oferta no meio da faixa indicativa, a avaliação foi a de que seria melhor optar pela oferta restrita.
O preço da ação na estreia com o book completo ficaria um pouco abaixo da faixa indicativa, que se estendia de 16,20 a 21,40 reais. Mas as condições adversas de mercado deixariam o papel exposto a quedas fortes nos primeiros dias.
Com o preço no piso da faixa, o IPO movimentaria 700 milhões de reais, dos quais 615 milhões de reais iriam para o caixa da companhia, por meio de oferta primária.
A avaliação é a de que a oferta restrita pode ser concluída em cerca de 60 dias ou até em prazo menor, uma vez que os investidores-âncora estão confirmados. Nos próximos dias, a Dotz vai publicar o resultado do primeiro trimestre.
Fundada e controlada pelos irmãos Roberto e Alexandre Chade, a Dotz nasceu como uma empresa com um programa de fidelidade e expandiu a atuação ao longo dos últimos anos, até chegar ao modelo atual de ecossistema digital que vende produtos e serviços -- inclusive financeiros -- para uma base potencial com 48 milhões de contas.
A oferta restrita, também conhecida como 476 -- número da instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a regula --, leva esse nome porque há um limite para o número de investidores autorizados a participar: são 75 investidores que podem receber a oferta e apenas 50 que podem efetivar na prática a compra de ações. E todos devem ter ao menos 10 milhões de reais aplicados no mercado, categoria que define os investidores profissionais.
No caso do IPO, cujas regras são definidas pela instrução 400, qualquer investidor pode participar, dentro do rateio definido pela empresa junto com os bancos coordenadores.
BTG Pactual (líder), Itaú BBA, UBS BB e Credit Suisse são os bancos que coordenam a oferta.