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Dos 60 aos 110 mil pontos: relembre os recordes mais marcantes da Bolsa

Apesar das altas recentes, se considerar a inflação, o Ibovespa ainda está longe de bater sua maior pontuação real

Ibovespa: índice demorou dez anos para passar dos 70 mil para os 80 mil pontos (wdstock/Getty Images)

Ibovespa: índice demorou dez anos para passar dos 70 mil para os 80 mil pontos (wdstock/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 06h10.

Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 07h10.

São Paulo - O Ibovespa bateu os 110 mil pontos pela primeira vez na história na última quarta-feira (4). No mercado financeiro, os números redondos costumam ser encarados como um teto que, se superado, pode vir a se tornar um piso para as negociações.

Isso ocorre porque muitos investidores usam essas marcas como referência para repensar suas estratégias. O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, explica que muitas vezes é necessário um conjunto de fatores positivos para que o índice se mantenha acima dessas pontuações - o que nem sempre acontece. 

Foi o que aconteceu quando o Ibovespa bateu os 100 mil pontos pela primeira vez , em 18 de março deste ano, e caiu para a casa dos 99 mil antes de as negociações encerrarem. O índice só foi fechar acima desse patamar em meados de junho. Mas, apesar dos recortes terem se tornado recorrentes no último ano, nem sempre foi assim. 

Em 2008, a Bolsa foi da euforia dos 70 mil pontos ao pânico da crise financeira que levou grandes bancos de Wall Street ao colapso. A “marolinha” teve poucos efeitos na economia brasileira, que registrou crescimento do produto interno bruto (PIB) de 5,2% naquele ano, mas devastou o mercado acionário do país.

A partir daí, o Ibovespa demoraria uma década para bater os 80 mil pontos. No entanto, o recorde real, que considera a inflação do período, ainda não foi superado e para quebrá-lo seria necessário mais de 130 mil pontos

Relembre os recordes mais marcantes do Ibovespa:

100 mil pontos

Quando? 18 de março de 2019

No início do ano, todas as projeções para a economia passavam pela aprovação ou não da reforma da Previdência. E foi justamente a forte expectativa de que a proposta fosse enviada para para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que ajudou o Ibovespa a alcançar os 100 mil pontos pela primeira vez.

Na prática, porém, o projeto só foi ser aprovado pela CCJ em abril e o índice não conseguiu fechar acima dos 100 mil pontos - feito que só foi ocorrer em junho, quando o Federal Reserve (FED) sinalizou que iria cortar os juros, o que de fato aconteceu. 

90 mil pontos

Quando? 30 de novembro de 2018

Assim como no caso dos 100 mil pontos, o índice não conseguiu se manter acima dos 90 mil pontos no mesmo pregão em que alcançou a marca pela primeira vez. Naquele dia, um dos principais dados que jogavam à favor do mercado foi a divulgação da expansão do PIB de 0,8% no terceiro trimestre.

Por outro lado, os investidores estavam pouco otimista para o encontro entre entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping na cúpula do G20, realizada em Buenos Aires. Naquela época, o conflito comercial já ditava o humor dos mercados. 

80 mil pontos

Quando? 16 de janeiro 2018

Demorou. Mas, após dez anos o Ibovespa voltava, enfim, à superar uma dezena de milhar de pontos. Naquele momento porém, fazia apenas uma semana desde que a agência de classificação de risco Standard & Poors havia reduzido a nota do Brasil. Por outro lado, os investidores estrangeiros não compraram a retórica e, até o dia 12 daquele ano, havia entrado um total de 3,68 bilhões de reais de capital externo na Bolsa, de acordo com o Estado de S. Paulo. O recorde levou o então presidente Michel Temer a publicar no twitter que a inflação baixa estava ajudando a valorização das empresas listadas.

70 mil pontos

Quando? 2 de maio de 2008

Pouca gente esperava, mas a Bolsa ficaria anos a fio sem conseguir bater um recorde tão expressivo. Por sinal, também foi naquele mês de maio que o Ibovespa bateu o recorde real - não superado até hoje.

Porém, pouco depois, o ânimo dos investidores se inverteu e, em 2018, o índice registrou queda de 41,22%. Apesar da economia local aquecida, o mercado foi atingido pela crise financeira global, que derrubou as bolsas do mundo inteiro e deixou os investidores em polvorosa.

60 mil pontos

Quando? 27 de setembro de 2007

Os mercados acionários tiveram pregões positivos naquele dia, com a maior expectativa de que o Federal Reserve voltasse a reduzisse a taxa básica de juros, que havia caído para 4,75% na semana anterior. Um dos principais fatores que sustentavam a hipótese era a revisão do PIB americano para baixo. 

Ainda naquele ano, os americanos experienciaram a inversão da taxa de juros, que é quando os títulos com vencimento de 2 anos superam os rendimentos dos títulos de longo prazo. O efeito, que é considerado por muitos economistas como um sinal de que há uma recessão se aproximando, só foi voltar a acontecer em 2019.

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