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Dona da Jeep, Stellantis enfrenta crise e corta mais de mil empregos nos EUA

Com dificuldades nas vendas na América do Norte, Stellantis busca reduzir estoques e reestruturar operações para 2025

Fábrica da Stellantis em Ohio, responsável pela Jeep, enfrentará corte de 1.100 vagas em meio à reestruturação. (Dimas Ardian/Bloomberg)

Fábrica da Stellantis em Ohio, responsável pela Jeep, enfrentará corte de 1.100 vagas em meio à reestruturação. (Dimas Ardian/Bloomberg)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 09h18.

Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 09h19.

A Stellantis, montadora responsável por marcas como Jeep, Ram e Chrysler, anunciou nesta semana que cortará 1.100 empregos em sua fábrica em Toledo, Ohio, nos Estados Unidos. A decisão, segundo informações da QZ, é uma tentativa de ajustar a produção à queda de vendas na América do Norte, especialmente devido aos altos preços de veículos que impactam diretamente o acúmulo de inventários nas concessionárias.

A fábrica em Toledo é responsável pela produção dos populares Jeep Gladiator, mas enfrenta desafios para manter a demanda. Em comunicado à imprensa, a empresa destacou que “navegar em um ano de transição” inclui “a ação difícil, porém necessária, de reduzir altos níveis de estoque, ajustando a produção à demanda de vendas para garantir um início de 2025 mais estável.”

Os números recentes de Stellantis mostram uma queda de 20% nas vendas em relação ao ano anterior, refletindo os desafios que a empresa tem enfrentado. Concessionários que representam a marca nos Estados Unidos vêm manifestando insatisfação, relatando que o aumento dos preços afasta consumidores e que decisões da alta administração resultam na degradação dos produtos oferecidos. Em uma carta endereçada à empresa, o Conselho Nacional de Concessionários da Stellantis nos EUA expressou preocupações de longa data:

“Há mais de dois anos, o Conselho Nacional de Concessionários de Stellantis dos EUA tem alertado a equipe executiva sobre os riscos do caminho seguido pela montadora. Esse cenário representa um desastre, não apenas para nós, mas para todos os envolvidos — e agora esse desastre chegou,” afirma a carta.

Desafios e críticas à gestão de Stellantis

Os concessionários argumentam que as altas dos preços e a falta de inovação nos produtos têm sido prejudiciais para a percepção da marca e para a fidelidade dos clientes. Esses problemas, juntamente com as dificuldades econômicas globais, geraram um impacto significativo nas vendas de modelos da Jeep e de outras marcas da Stellantis. Os cortes anunciados afetam uma parte relevante da força de trabalho de Toledo e refletem uma estratégia mais ampla da montadora em reduzir os níveis de estoque. Embora a empresa continue a adaptar suas operações para enfrentar os desafios, a situação em Toledo ressalta o impacto que as dificuldades de vendas têm sobre os trabalhadores e as comunidades onde a Stellantis atua.

A Stellantis acredita que a reestruturação é essencial para alcançar resultados mais robustos em 2025, e analistas do setor veem os cortes como uma medida para garantir um futuro mais estável. Contudo, especialistas alertam que o impacto pode ser duradouro, especialmente se não houver um ajuste significativo nas estratégias de vendas e precificação. Os cortes de empregos em Toledo indicam a pressão que montadoras enfrentam para equilibrar operações em um cenário de crescente competitividade e desafios econômicos, enquanto consumidores buscam alternativas mais acessíveis e sustentáveis.

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